|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUA reconhecem Lobo como presidente
Departamento de Estado adota cautela dizendo que eleição é parte de processo maior para devolver Honduras à ordem democrática
Hillary Clinton e Arturo Valenzuela entraram em contato com outros países da região para que também reconheçam o resultado
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Os EUA reconheceram ontem que Porfirio Lobo é o próximo presidente de Honduras,
e que as eleições de anteontem,
portanto, foram legítimas. Mas
o Departamento de Estado advertiu que o que aconteceu foi
só um passo de um processo
maior cuja meta deve ser a volta do país à ordem democrática
e à comunidade internacional.
Para Washington, entre os
próximos passos a serem tomados pelo país estão a formação
de um governo de união nacional, a criação de uma Comissão
da Verdade, que investigue os
acontecimentos em torno do
golpe de Estado de junho, e a
decisão amanhã, pelo Congresso hondurenho, sobre a volta
ou não ao poder do líder deposto, Manuel Zelaya.
As informações foram dadas
ontem pelo recém-empossado
secretário-assistente para Assuntos do hemisfério Ocidental, Arturo Valenzuela, em encontro com jornalistas. Indagado pela Folha se havia alguma
chance de os EUA não reconhecerem o resultado das eleições, o número um da diplomacia obamista para a região a
princípio pareceu reticente.
"Não quero discutir hipóteses", disse. "O que está claro é
que o povo hondurenho votou
ontem [domingo] e que, por
uma ampla margem, votou em
um cavalheiro de nome Porfirio Lobo. Ele vai ser o próximo
presidente de Honduras."
Para Valenzuela, para que os
EUA e os países da região aceitem Honduras de volta à OEA
(Organização dos Estados
Americanos), o país terá de fazer mais do que simplesmente
as eleições: "Terá de seguir um
processo de reconciliação".
Mas "o fato de o comparecimento às urnas ter sido com a
mesma margem de eleições anteriores, o fato de tantas pessoas terem votado em um candidato de oposição, são expressões do desejo [do povo hondurenho] de conseguir seguir
adiante no processo".
Instado pelo jornal a dizer
então se os EUA estavam com
isso reconhecendo os resultados oficialmente, o diplomata
disse: "Sim, nós prestamos
atenção aos resultados. Nós reconhecemos que esses são os
resultados das eleições em
Honduras para essa eleição. Isso é claro. Nós reconhecemos
esses resultados e cumprimentamos o senhor Lobo por ter
ganho essas eleições".
Além disso, durante a coletiva, ele confirmou que a secretária de Estado, Hillary Clinton, e ele passaram horas falando com líderes de países da região para que adotem posição
semelhante à de Washington.
Segundo o diplomata, houve
mais receptividade dos países
da América Central, embora
ele disse ter falado com vários
outros. Citou conversas suas
com os líderes de Guatemala e
Costa Rica e disse que Hillary
ligou para seus colegas em Peru, Uruguai, Argentina e Brasil
e falou com o presidente de El
Salvador, Mauricio Funes.
Valenzuela mencionou a
preocupação dos países participantes da Cúpula Ibero-Americana, em Portugal, com o precedente que o golpe de Estado
abriria na América Latina, um
dos argumentos usados pelo
Brasil para não aceitar os resultados de domingo.
"Ele estão tão preocupados
como nós com o golpe se tornando um precedente", disse.
"Mas eles também vão, acho,
buscar uma estratégia de saída,
como nós. E essa estratégia
passa pela eleição, assim como
pela formação de um governo
de união nacional e pela Comissão da Verdade."
Depois, nos corredores, indagado se havia um plano B,
disse: "Não. Só um plano A".
Texto Anterior: Justiça vê comparecimento de 61,3%, mas resistência contesta Próximo Texto: OEA diz que pode dialogar com eleito Índice
|