São Paulo, sexta-feira, 02 de janeiro de 2009

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Correa enfrenta ano eleitoral com reservas em declínio

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Prestes a mergulhar em mais uma campanha eleitoral, o Equador, do presidente Rafael Correa, viu suas reservas internacionais diminuírem 24,6% desde outubro, quando atingiram o nível mais alto de 2008.
De acordo com o Banco Central do país, as reservas registraram, no fim do ano passado, US$ 4,9 bilhões. Dois meses antes, alcançaram US$ 6,5 bilhões, nutridas pelos altos preços do petróleo, principal atividade econômica do país. No início de 2008, o Equador contabilizava US$ 3,4 bilhões.
Chamada no país de RMLD (Reserva Monetária de Livre Disponibilidade), trata-se de um conta pela qual o governo equatoriano paga a dívida externa e utiliza para fazer compras para o setor público.
A maior queda nas reservas foi sentida há cerca de quatro semanas, quando o governo Correa anunciou a intenção de declarar moratória em cerca de US$ 3,9 bilhões da dívida externa (40% do total).
A decisão fez o risco-país equatoriano disparar, incentivando a fuga de capitais. A agência de classificação Standard & Poor's, por exemplo, deu a pior nota a um país latino-americano logo após o anúncio de moratória.
Outro problema para o governo é a previsão de aumento dos gastos públicos com a aprovação em setembro, via referendo, da nova Constituição, que prevê a universalização do ensino superior gratuito, entre outros novos custos.
Na primeira versão do Orçamento de 2009, aprovada em setembro e calculada com a previsão do barril de petróleo a US$ 85, já havia uma estimativa de que o déficit seria de US$ 2,3 bilhões. O valor atual do barril está em menos da metade.
Analistas afirmam que Correa usará as reservas internacionais para postergar medidas até depois de 26 de abril, quando haverá nova eleições presidenciais, conforme prevê a nova Constituição. E, caso haja um segundo turno (hoje improvável), o novo presidente só será escolhido em junho.
Relatório recente da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe, vinculada à ONU) prevê que a economia equatoriana deva sofrer uma forte desaceleração neste ano, com um crescimento de apenas 2% do PIB. Em 2008, a expansão, impulsada pelo alto preço do petróleo, está estimada em 6,5%.


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