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COMPORTAMENTO
Novas medidas incluem redução dos "coffee shops" , combate ao plantio e campanha dirigida aos jovens
Holanda revê sua política sobre maconha
MARINA DELLA VALLE
DA REDAÇÃO
A Holanda, país famoso pelos
"coffee shops" onde a venda e o
uso de maconha e haxixe em pequenas quantidades são permitidos, está revendo sua política sobre o assunto. As mudanças foram destacadas no relatório anual
lançado mundialmente ontem
pela Jife (Junta Internacional de
Fiscalização de Entorpecentes).
Em abril de 2004, um documento do Parlamento holandês delineou as novas medidas: diminuição do número de locais de venda
em áreas fronteiriças ou perto de
escolas, o combate ao "turismo
dos "coffee shops'" e aos estabelecimentos que funcionam de maneira ilegal ou não cumprem as
regras para a venda das drogas e
ações contra o cultivo de maconha em larga escala. Novas penas
para o cultivo serão de ao menos
cinco anos de prisão.
O governo holandês vai promover uma campanha para desencorajar o uso da maconha e do haxixe voltada para os jovens nos próximos três anos. Serão estudados
os efeitos da maconha com níveis
altos de THC (tetraidrocanabinol), substância psicoativa da
droga. Caso seja provado que a
maconha modificada traz riscos à
saúde semelhantes aos causados
por drogas pesadas, ela será colocada na lista de drogas cujo consumo e porte são proibidos.
O governo ainda quer novas
medidas para o tratamento de dependentes de maconha e de haxixe e contra o uso abusivo das
substâncias e estuda maneiras de
fazer com que os "coffee shops"
vendam quantidades pequenas
das drogas a não-residentes.
Apesar do contraste com políticas mais suaves em relação aos
usuários de maconha e de haxixe
em outros países da Europa, as
mudanças da Holanda não vão
contra a tendência. "Nenhum
país que suaviza a repressão ao
usuário é a favor do consumo de
drogas. O que se considera é que a
prisão do usuário é muito mais
prejudicial do que encaminhá-lo
a um serviço de orientação", diz
Elisaldo Carlini, membro da Jife e
diretor do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), da Universidade Federal de São Paulo.
"A Holanda se deu conta de que
os "coffee shops" não diminuíram
o tráfico. Foi a prova que queriam
para se aproximar da política de
países vizinhos. O tratamento ao
usuário não muda", diz Giovanni
Quaglia, representante do Escritório das Nações Unidas contra
Drogas e Crimes no Brasil.
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