|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRESSÃO
Chanceler pede "sacrifício" ao ditador; "vá para o inferno", responde o governo iraquiano
Saudita pede renúncia de Saddam
DA REDAÇÃO
"Vá para o inferno." Essa foi a
resposta do governo iraquiano ao
chanceler saudita, príncipe Saud
al Faisal, depois que ele sugeriu
que o ditador Saddam Hussein
renunciasse para pôr fim à guerra.
"Se a única saída para resolver a
situação no Iraque é um sacrifício
do presidente Saddam Hussein, e
a partir do momento em que ele
está pedindo a todos os iraquianos que se sacrifiquem por seu
país, então o mínimo que se pode
esperar é que ele faça o mesmo e
se sacrifique por seu país", disse o
príncipe Saud, um dos principais
homens do governo saudita.
O chanceler disse que não está
intimando ou encorajando Saddam a renunciar. No entanto, ao
ser questionado se não achava
tarde demais para que o líder iraquiano renunciasse, respondeu:
"Por que seria tarde demais?".
Poucas horas mais tarde, em entrevista coletiva em Bagdá, o vice-presidente Taha Yaseen Ramadan se dirigiu diretamente ao
chanceler saudita: "Vá para o inferno. Você não vale nada para se
dirigir ao líder do Iraque".
O vice-presidente acusou o governo da Arábia Saudita de servir
aos interesses norte-americanos
ao permitir que suas forças usem
seu território e ao aumentar a
produção de petróleo para compensar a eventual falta do produto.
Tradicional aliada dos EUA, a
Arábia Saudita serviu de ponto de
apoio durante a Guerra do Golfo,
em 91, mas tem se oposto ao conflito atual. O governo saudita vetou o uso de seu território por tropas terrestres desta vez, mas tem
dado suporte às aeronaves militares da coalizão anglo-americana.
A crise iraquiana provocou na
Arábia Saudita um debate sobre o
jihad, esforço religioso que inclui
a chamada "guerra santa".
Bagdá afirma que cerca de 4.000
"voluntários" árabes estão no Iraque. Extremistas dizem que centenas de sauditas teriam cruzado a fronteira para se juntar às forças
de Saddam. Um jovem saudita
que foi ao país vizinho colocou
seu diário na internet.
O governo nega a informação
de que teria sido um saudita que
explodiu um carro que matou
cinco pessoas, em atentado no
norte do Iraque ocorrido no último dia 22 de março.
Além disso, muitos sauditas
contrários a apoiar diretamente o
Iraque se opõem ao conflito, considerado uma invasão ocidental
contra um país árabe. Alguns chegam a comparar a guerra atual
com a invasão soviética no Afeganistão, quando milhares de muçulmanos foram à região para combater o avanço do comunismo -com o apoio dos EUA.
O Baath, partido de Saddam, no
entanto, está longe de ser religioso. Além disso, o ditador iraquiano é responsabilizado por muitos
pela morte de milhares de iraquianos, de começar guerras e de
ameaçar a Arábia Saudita após a
invasão do vizinho Kuait, em 90.
"É um assunto complexo. Não
se trata de uma questão tão simples como a do Afeganistão", disse Jamal Khashoggi, editor-chefe
do diário "Al Watan".
Na TV do governo saudita, no
entanto, o recado é claro: um líder
religioso aconselhou os jovens a
não dar ouvidos a militantes islâmicos que incentivam a lutar contra os EUA.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Kuait: Míssil iraquiano é interceptado por Patriots Próximo Texto: Notas da guerra - Jordânia: Governo detém supostos agentes iraquianos Índice
|