São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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IRAQUE OCUPADO

General anuncia caçada aos responsáveis pela morte "bestial" de quatro civis americanos em Fallujah

EUA prometem vingança "arrasadora"

DA REDAÇÃO

As forças de ocupação dos EUA no Iraque prometeram ontem uma resposta "arrasadora" ao assassinato brutal de quatro civis americanos em Fallujah (55 km a oeste de Bagdá) anteontem e prometeram "caçar" seus autores.
Marines se posicionaram nas imediações de Fallujah, um dos bastiões da insurgência anti-EUA no Iraque ocupado.
"As forças de coalizão vão responder. Elas vão caçar as pessoas responsáveis por esse ato bestial", disse o general Mark Kimmitt, vice-diretor de operações do Exército americano no Iraque. "[A resposta] acontecerá no momento que escolhermos. Será metódica, precisa e arrasadora", afirmou.
Os civis americanos, que estavam no país a trabalho, tiveram seus carros emboscados e foram mortos a tiros por insurgentes. Em seguida, os corpos foram arrastados por habitantes da cidade, mutilados e pendurados numa ponte sobre o rio Eufrates.
Em folhetos distribuídos em Fallujah, ontem, o até agora desconhecido "Brigadas do Mártir Ahmed Yassin" assumiu a autoria das mortes, como resposta ao assassinato, na semana passada, do fundador e líder espiritual do grupo terrorista palestino Hamas pelo Exército de Israel. Não foi possível verificar a autenticidade da reivindicação.
Fallujah -localizada no chamado Triângulo Sunita, um dos principais focos de resistência à ocupação dos EUA e de apoio ao antigo regime do ex-ditador Saddam Hussein- permanecia calma ontem, mas moradores advertiram que mais mortes devem ocorrer.
"Os americanos devem imaginar que o que aconteceu foi algo fora do normal, mas, na verdade, é o que deveriam esperar. Eles surgem de repente e atiram contra civis. Por que não deveriam ser mortos?", disse o comerciante Amir.
Há um ano, tropas americanas dispararam contra manifestantes em Fallujah e mataram 15 pessoas. Outras mortes ocorreram desde então, e a população local acusa os soldados americanos de usar força excessiva e atirar a esmo ao reprimir protestos.
Um membro do Conselho de Governo Iraquiano disse que os responsáveis pelo ataque de anteontem representavam uma pequena minoria, mas sugeriu aos EUA que pensassem cuidadosamente na resposta que pretendem dar.
"Os atos que nós vimos são desprezíveis e indesculpáveis. Violam os princípios de todas as religiões, inclusive do islamismo, assim como as fundações da sociedade civilizada", disse Paul Bremer, o administrador dos EUA no Iraque. "As mortes não ficarão impunes", afirmou.

Feira cancelada
A violência em Fallujah aumentou ainda mais a preocupação de organizações e companhias internacionais que atuam no Iraque. Ontem, uma feira de negócios patrocinada pelos EUA em Bagdá foi adiada.
Organizadores da Bagdá Expo, que teria início na segunda-feira, anunciaram ontem o adiamento do evento. Não foi marcada uma nova data.
Foi uma má notícia para os esforços americanos em atrair investimento estrangeiro para a reconstrução do Iraque e projetar a imagem de um país estável e interessante comercialmente.
Os EUA esperam que o crescimento econômico ajude a minar a insurgência iraquiana, mas, até o momento, a reconstrução tem sido prejudicada pela falta de segurança e de estabilidade em algumas partes do país.
Ontem, insurgentes detonaram uma bomba em uma estrada perto de Fallujah no momento em que um comboio militar americano passava. Três soldados ficaram feridos. Anteontem, cinco soldados americanos haviam sido mortos num ataque semelhante na mesma área.
Em Basra, cidade de maioria xiita (550 km ao sul de Bagdá), pelo menos um iraquiano morreu em conflito com a polícia iraquiana durante protesto contra a falta de empregos. Basra, a segunda cidade mais importante do país, é controlada pelas forças de ocupação britânicas.
Em março, 50 soldados americanos morreram no Iraque, de acordo com o Pentágono. Foi o segundo mês mais letal para os EUA desde que, em 1º de maio de 2003, o presidente George W. Bush anunciou o fim dos principais combates no país.
O mês com maior número de mortos americanos foi novembro (82). Pelo menos 407 soldados dos EUA foram mortos em ação desde o início da Guerra do Iraque, em 20 de março do ano passado. Não há totalização oficial dos iraquianos mortos.


Com agências internacionais

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