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A AGONIA DO PAPA
João Paulo 2º é lembrado por seu papel na desintegração da União Soviética; fiéis lotam igrejas na Polônia e na América Latina
Rice louva ajuda do papa na queda do Muro
DA REDAÇÃO
A secretária de Estado dos EUA,
Condoleezza Rice, elogiou ontem
o papel de João Paulo 2º na queda
do bloco soviético. "O papa é um
grande símbolo moral, assim como religioso", afirmou Rice.
"Ao observarmos o que ocorreu
em 1989, 1990 e 1991, não se pode
deixar de reconhecer a tremenda
contribuição de João Paulo 2º para esses acontecimentos e, por
conseqüência, para a liberdade",
disse a secretária de Estado. A
União Soviética se desintegrou,
em 1991, em diversas repúblicas.
O presidente americano, George W. Bush, e sua mulher, Laura,
estão rezando em favor do papa,
informou ontem o porta-voz da
Casa Branca, Scott McClellan.
McClellan disse que Bush
acompanha o estado de saúde do
papa por meio da Embaixada dos
EUA no Vaticano. Segundo a
CNN, o presidente deve ir a Roma
para os funerais.
Em Nova York, apenas a presença de equipes de TV e um fluxo maior de turistas indicavam a
iminente morte do papa no ponto
católico mais importante da cidade, a catedral de Saint Patrick.
A China, que não tem relações
diplomáticas com o Vaticano, divulgou votos de recuperação.
Europa
Na Polônia, terra natal do papa,
Lech Walesa, ex-presidente e fundador do movimento Solidariedade, também elogiou João Paulo
2º por seu papel na derrocada do
comunismo. Disse que o país ainda precisava do pontífice.
Em Wadowice, cidade natal de
Karol Wojtyla, poloneses rezavam ontem pelo papa na igreja
que freqüentou quando criança.
A basílica de Santa Maria, construída no século 15 em um parque
perto da casa em que Wojtyla nasceu, foi tomada por fiéis.
Em toda a Polônia, escolas e escritórios se esvaziaram. "Nunca
chorei na vida. Não vou à igreja.
Não acredito em padres ou em
Deus. Mas acredito no papa. Ele é
um santo, entende as pessoas como eu e fala para nós. Nunca haverá outro como ele", disse Wojtek Wisniewski, 40, desempregado, ao deixar, chorando, a igreja.
Na Rússia, em que há supremacia da Igreja Ortodoxa (que se separou da católica romana em
1054), o arcebispo Tadeusz Kondrusiewicz rezou uma missa em
intenção do papa. As tensões entre as igrejas aumentaram desde o
colapso da URSS, o que impediu
uma visita do papa à Rússia.
Já em Lourdes (França), destino
da última viagem pastoral do papa -em agosto de 2004- antes
que suas condições de saúde o impedissem de sair de Roma, cerca
de 15 mil peregrinos já haviam
passado pela cidade para rezar.
Na Itália, os partidos políticos
cancelaram as manifestações políticas públicas que ocorreriam no
país por ocasião das eleições regionais de 3 e 4 de abril.
América Latina
As cerimônias e manifestações
pela saúde do pontífice se repetiram em todos os países da América Latina, onde vive cerca de metade da população mundial de católicos. Os fiéis argentinos acompanharam as condições de saúde
do papa com orações e lágrimas.
Na catedral de Buenos Aires,
uma pequena multidão assistiu à
missa das 18h, desafiando a tempestade que deixou a cidade quase intransitável.
A poucos metros da catedral, na
Casa Rosada, sede do governo argentino, o presidente Néstor
Kirchner preparou carta de condolências para enviar ao Vaticano
e anunciou que decretará luto oficial de três dias pela morte do papa. O presidente não pretende
acompanhar os funerais.
A relação da Argentina, país católico, com o Vaticano atravessa
crise de proporção inédita. Kirchner destituiu no mês passado o
bispo militar, Antonio Baseotto.
O Vaticano reagiu dizendo que
poderá considerar a Argentina
"sede impedida" para o exercício
religioso, caso a decisão de Kirchner não seja revista.
Com agências internacionais, Fabiano
Maisonnave, de Washington, Silvana
Arantes, de Buenos Aires, e Pedro Dias
Leite, de Nova York
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