BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

Enquanto o Reino Unido anuncia um ato comemorativo com familiares dos argentinos mortos na Guerra das Malvinas -iniciada em 2 de abril de 1982-, a Argentina acusa o governo do premiê Tony Blair de "soberba" por sugerir festejos conjuntos pelos 25 anos do conflito.
"O que eles pensam fazer não é, como ele [Tony Blair] diz, uma celebração. Ao contrário. É um militarista desfile da vitória, um típico gesto de soberba. E nós não vamos nos vangloriar da guerra", afirmou o chanceler argentino, Jorge Taiana, em entrevista ao jornal "Página/ 12".
O chanceler negou que o governo do presidente Néstor Kirchner tenha recebido algum convite formal dos britânicos para uma homenagem única a soldados dos dois países.
Ontem, a chanceler britânica Margaret Beckett disse que os parentes de soldados argentinos mortos serão convidados para participar de uma cerimônia nas ilhas neste ano.
Taiana criticou Blair pelos elogios à atuação da ex-premiê Margaret Thatcher na guerra, mas disse que as declarações não influenciaram o cancelamento pela Argentina na semana passada de um acordo de cooperação com o Reino Unido na exploração de hidrocarbonetos na região das ilhas.
Hoje, segundo confirmou o governo, Kirchner deve presidir a cerimônia oficial para homenagear mortos e veteranos em Ushuaia -a capital da Província da Terra do Fogo, à qual pertencem, segundo os argentinos, as Malvinas.

Nacional?
O chanceler argentino reclamou ainda que o Reino Unido continua sem permitir vôos diretos da Argentina para o arquipélago. Saindo de Buenos Aires, a única opção é o vôo semanal da companhia chilena LAN, passando sempre por Santiago.
A reportagem telefonou para o call center da LAN em Buenos Aires para simular a compra da passagem. Ao escutar o pedido "Vocês têm vôos para as Malvinas?", por duas vezes funcionários argentinos transferiram a chamada para o setor de passagens nacionais. No setor de passagens nacionais, a ligação era outra vez remetida ao atendimento internacional.


Texto Anterior: Europeus aliviaram sanções à Argentina
Próximo Texto: Chávez impõe rígida lei seca em feriado e gera onda de protestos
Índice