São Paulo, sábado, 02 de abril de 2011

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Ataque à ONU mata 12 no Afeganistão

Prédio da entidade foi invadido por manifestantes revoltados com a queima do Corão por pastor da Flórida

O pastor é o mesmo que prometera colocar fogo no livro no ano passado; ele alegou não ter culpa pelo atentado na Ásia

Mirwaice Sahel/Efe
Grupo de manifestantes islâmicos retira homem ferido no ataque a prédio da ONU em Mazar-i-Sharif, no Afeganistão

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Ao menos 12 pessoas (sendo sete delas funcionárias da ONU) morreram em um ataque a um prédio das Nações Unidas em Mazar-i-Sharif, no norte do Afeganistão.
O ataque aconteceu durante protesto contra a queima do Corão, livro sagrado do islã, pelo pastor de uma pequena igreja da Flórida (EUA), na semana passada.
É a ação mais letal contra empregados da entidade desde o atentado que matou 22 em Bagdá, em 2003, entre eles o brasileiro Sérgio Vieira de Mello (leia texto ao lado).
A conta, no entanto, pode chegar a 20 mortos. Entre as vítimas fatais, estariam um funcionário da ONU da Noruega, um da Suécia, um da Romênia e quatro guardas nepaleses. Além disso, cinco afegãos também morreram.
Duas pessoas teriam sido decapitadas, segundo um porta-voz da polícia afegã, mas essa informação foi negada pela polícia da região.
O pastor americano é Terry Jones, líder de uma igreja com 60 membros. No dia 20 de março, ele queimou uma edição do Corão porque considerou a obra "culpada".
É o mesmo pastor que tinha recebido atenção internacional no ano passado, após ameaçar queimar o livro em 11 de setembro, aniversário do ataque às Torres Gêmeas em 2001. Ontem, ele alegou não ter "responsabilidade nenhuma" no atentado à ONU no Afeganistão.
O ataque aconteceu depois das orações de ontem. Milhares de manifestantes, instigados por três mulás, saíram da Mesquita Azul (lugar sagrado afegão) e rumaram para o prédio da ONU -sem encontrar americanos, o ódio da multidão foi dirigido às Nações Unidas, outro símbolo ocidental.
Eles queriam a prisão de Jones. Com gritos de "Morte à América" e cartazes de "Morte a Obama" e "Abaixo a América", os manifestantes atiraram pedras no prédio.
Segundo relatos, eles invadiram o portão depois que as forças de segurança abriram fogo, agrediram os guardas e queimaram carros. Armas teriam sido tomadas da guarda de segurança da ONU e usadas para matar as vítimas.
A cidade de Mazar-i-Sharif é considerada uma das mais pacíficas nos padrões do Afeganistão -a milícia Taleban está concentrada especialmente nas províncias mais ao sul- e seria uma das primeiras áreas em que as tropas da Otan seriam substituídas pelas forças afegãs.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, chamou os ataques de "revoltantes e covardes". O presidente dos EUA, Barack Obama, divulgou nota condenando a ação.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse estar chocada. "Não existe justificativa para essa atrocidade."
O Conselho de Segurança da ONU condenou o ataque, assim como o Brasil, que ontem à noite também divulgou uma nota contra a ação.


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