São Paulo, sábado, 02 de abril de 2011

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Gaddafi negocia cessar-fogo com coalizão

Segundo ex-premiê da Líbia, emissários do ditador mantêm canais com potências para tentar saída negociada

Reino Unido admite ter conversado, mas exige saída de líder; médico líbio denuncia morte de 7 civis em ação aliada

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ditador líbio Muammar Gaddafi negocia com as potências ocidentais, por meio de emissários, a possibilidade de acordo para o anúncio de um cessar-fogo, afirmou ontem um auxiliar do líder.
Em entrevista à TV Channel 4 News, do Reino Unido, o ex-premiê líbio Abdul Ati al Obeidi disse que Trípoli tem canais de diálogo com EUA, França e Reino Unido, líderes da coalizão que realiza ações no país há duas semanas, para obter "solução mútua".
"Nós estamos tentando dizer que parem a matança de pessoas", disse Obeidi.
A revelação de que há uma tentativa de negociar o fim da crise confirma relatos dos últimos dias de que o ditador estaria buscando uma saída.
E reforça o entendimento de que a disputa de governistas e rebeldes, com apoio externo, chegou ao impasse.
Anteontem, o "Guardian" afirmou que o auxiliar de um dos filhos de Gaddafi, Saif al Islam, havia tido conversas com autoridades britânicas.
Recentemente, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também dissera que o ditador tentava contato para negociar a saída.
Ontem, o porta-voz do premiê David Cameron (Reino Unido) admitiu contato com mais de uma autoridade líbia, mas afirmou não haver oferta de acordo a Gaddafi.
"Estamos dizendo a todos eles a clara mensagem de que Gaddafi tem de sair", disse o porta-voz Steve Field.
Embora a resolução da ONU não preveja a saída do ditador como objetivo, as potências já disseram esperar uma mudança de regime ao final da operação e não descartam armar os rebeldes.
Os oposicionistas condicionaram um eventual cessar-fogo à retirada das forças de Gaddafi de todas as cidades e à permissão para a realização de protestos.

MORTES CIVIS
Também ontem, surgiram novos relatos de mortes civis causadas por ações aliadas.
Um médico líbio disse à TV britânica BBC que sete civis, inclusive crianças, morreram em ataques na última quarta-feira na localidade de Brega.
Anteontem, o mais alto representante do Vaticano na Líbia denunciou a morte de pelo menos 40 pessoas em Trípoli. A Otan, que assumiu o comando militar das operações, prometeu investigar.
No front de batalha, rebeldes tentavam avançar ontem em direção a Brega após perderem, em poucos dias, quase todo o território conquistado depois do começo dos ataques (ver o quadro abaixo).
A cidade de Misrata, a terceira maior do país e principal reduto rebelde no oeste, foi alvo de intensos ataques.


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