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SEPARATISMO
Saiba mais sobre os rebeldes filipinos
PHILIPPE PONS
do "Le Monde"
O sequestro de 21 pessoas, incluindo dez turistas estrangeiros, na ilha de Sipadan, na Malásia, parece estar vinculado ao
crescimento das atividades de
grupos separatistas islâmicos,
que lutam pela criação de um
Estado independente em Mindanao, a grande ilha ao sul do
arquipélago filipino.
As Filipinas são o único país
da Ásia com maioria católica
(83% da população). Os muçulmanos são cerca de 5% da população total de 69 milhões.
Abu Sayyaf, o grupo separatista islâmico que assumiu a autoria do sequestro, foi criado no
início dos anos 90.
É formado por jovens muçulmanos que estudaram nas universidades islâmicas de países
árabes e imbuíram-se de ideais
fundamentalistas.
O grupo teria 1.500 combatentes, reivindica diversos atentados e faz oposição à FMLN
(Frente Moro de Libertação Nacional), a principal organização
política da rebelião muçulmana. Para o Abu Sayyaf, a FMLN
teria perdido o braço-de-ferro
com o governo filipino.
Os movimentos separatistas
armados lembraram, desde o
começo do ano, que o problema
de Mindanao está longe de ser
resolvido. Um acordo de paz
havia sido firmado há quatro
anos entre o governo filipino e a
FMLN. Mas, desde fevereiro, os
combates aumentaram muito.
Enquanto tentava negociar
um acordo de paz com o mais
poderoso grupo armado, a
Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI), liderada por Hashim Salamat, o governo filipino
lançou, dia 15 de fevereiro, uma
ofensiva contra um de seus
campos militares. Foram mortos 300 rebeldes, e 100 mil pessoas deixaram a região.
Para as Filipinas, a criação de
uma república islâmica independente, como quer o FMLI, é
inaceitável por implicar uma divisão do país. A FMLI pede uma
saída similar à adotada em Timor Leste, quando se pediu à
população local que escolhesse
entre a independência e a autonomia em relação à Indonésia.
A FMLI nasceu em 1978, de
uma cisão da FMLN, do qual
Hashim Salamat era vice-presidente e um de seus "chefes históricos", junto com Nur Misuari, que lançou o movimento de
luta armada no dia seguinte à lei
marcial proclamada pelo ditador Ferdinando Marcos, em
1972. Em 28 anos, os conflitos fizeram mais de 100 mil mortos.
Salamat diz ter uma força independente de 80 mil homens.
O governo filipino diz que não
passam de 15 mil.
Bem armada, a FMLI teria se
beneficiado do apoio financeiro
de Osama bin Laden, o saudita
acusado de financiar os ataques
contra as embaixadas dos EUA
no Quênia e na Tanzânia, em
1998. Manila diz que o confronto com a FMLI não seria mais
contra uma guerrilha, mas contra um exército.
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