São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2000


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SEPARATISMO
Saiba mais sobre os rebeldes filipinos

PHILIPPE PONS
do "Le Monde"

O sequestro de 21 pessoas, incluindo dez turistas estrangeiros, na ilha de Sipadan, na Malásia, parece estar vinculado ao crescimento das atividades de grupos separatistas islâmicos, que lutam pela criação de um Estado independente em Mindanao, a grande ilha ao sul do arquipélago filipino.
As Filipinas são o único país da Ásia com maioria católica (83% da população). Os muçulmanos são cerca de 5% da população total de 69 milhões.
Abu Sayyaf, o grupo separatista islâmico que assumiu a autoria do sequestro, foi criado no início dos anos 90.
É formado por jovens muçulmanos que estudaram nas universidades islâmicas de países árabes e imbuíram-se de ideais fundamentalistas.
O grupo teria 1.500 combatentes, reivindica diversos atentados e faz oposição à FMLN (Frente Moro de Libertação Nacional), a principal organização política da rebelião muçulmana. Para o Abu Sayyaf, a FMLN teria perdido o braço-de-ferro com o governo filipino.
Os movimentos separatistas armados lembraram, desde o começo do ano, que o problema de Mindanao está longe de ser resolvido. Um acordo de paz havia sido firmado há quatro anos entre o governo filipino e a FMLN. Mas, desde fevereiro, os combates aumentaram muito.
Enquanto tentava negociar um acordo de paz com o mais poderoso grupo armado, a Frente Moro de Libertação Islâmica (FMLI), liderada por Hashim Salamat, o governo filipino lançou, dia 15 de fevereiro, uma ofensiva contra um de seus campos militares. Foram mortos 300 rebeldes, e 100 mil pessoas deixaram a região.
Para as Filipinas, a criação de uma república islâmica independente, como quer o FMLI, é inaceitável por implicar uma divisão do país. A FMLI pede uma saída similar à adotada em Timor Leste, quando se pediu à população local que escolhesse entre a independência e a autonomia em relação à Indonésia.
A FMLI nasceu em 1978, de uma cisão da FMLN, do qual Hashim Salamat era vice-presidente e um de seus "chefes históricos", junto com Nur Misuari, que lançou o movimento de luta armada no dia seguinte à lei marcial proclamada pelo ditador Ferdinando Marcos, em 1972. Em 28 anos, os conflitos fizeram mais de 100 mil mortos.
Salamat diz ter uma força independente de 80 mil homens. O governo filipino diz que não passam de 15 mil.
Bem armada, a FMLI teria se beneficiado do apoio financeiro de Osama bin Laden, o saudita acusado de financiar os ataques contra as embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia, em 1998. Manila diz que o confronto com a FMLI não seria mais contra uma guerrilha, mas contra um exército.


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