São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007

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Bush segue script e veta plano de retirada do Iraque

Proposta aprovada por Câmara e Senado atrelava verba ao retorno das tropas

Democratas insistem em cronograma; presidente republicano fala em buscar um acordo para liberar Orçamento para guerra


DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Como prometido, o presidente dos EUA, George W. Bush, vetou ontem à noite a proposta orçamentária que definia um calendário para a retirada das tropas americanas do Iraque -aprovada antes pela Câmara e pelo Senado, hoje em mãos da oposição democrata.
"Querem substituir as decisões estratégicas militares por opiniões políticas. Nossos comandantes em campo ficariam sujeitos às diretrizes de quem está em Washington, a milhões de quilômetros da frente de batalha", disse. "Não faz sentido avisar o inimigo sobre quando começaremos a deixar o país. Marcar a data seria uma irresponsabilidade também em relação ao povo iraquiano, com quem temos um compromisso." Ele tinha avisado repetidas vezes que não aceitaria a fixação de um cronograma.
Aprovada no Congresso na semana passada, a medida -que destina US$ 124 bilhões para a guerra e exige que a retirada comece até outubro próximo para terminar em abril de 2008- foi enviada ao presidente à tarde, após cerimônia realizada no Capitólio na qual os democratas Harry Reid, líder da maioria no Senado, e Nancy Pelosi, presidente da Câmara, assinaram o texto. "Obedecemos a vontade do povo americano", afirmou Pelosi.
Durante todo o dia, a oposição lembrou o discurso feito por Bush em 1º de maio de 2003 a bordo do porta-aviões Abraham Lincoln, anunciando que estavam encerrados os principais combates no Iraque, sob uma faixa na qual se lia: "Missão cumprida". "Hoje é o quarto aniversário do que eu considero um dos mais vergonhosos episódios da história americana", comentou a senadora democrata e pré-candidata à Presidência Hillary Clinton. "Nunca um presidente disse "missão cumprida" quando a missão estava só começando."

Conciliação
Mas, depois do veto, Bush adotou tom conciliador, convidando os líderes da Câmara e do Senado a se reunirem com ele para buscarem um acordo. "Os democratas sabem que há congressistas que não concordam com essa proposta -portanto, não terão os votos necessários [dois terços do total] para anular o veto. Eles deram o seu recado e agora está na hora de deixar a disputa política de lado para discutirmos como mandar dinheiro para os nossos militares, que precisam de treinamento e equipamentos."
Reid e Pelosi não recuaram. "Se ele pensa que, com esse veto, vai nos impedir de continuar lutando para mudar o rumo da guerra, está enganado", disse a presidente da Câmara.
Apesar das declarações e da expectativa de mais embates, analistas avaliam que a oposição terá que ceder para evitar levar a culpa por deixar os soldados em campo sem recursos.


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