São Paulo, sábado, 02 de maio de 2009

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OMS anuncia 1º caso de nova gripe na Ásia

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

A nova gripe que há três dias colocou o mundo em estado de pré-pandemia chega à Ásia. Um mexicano de 25 anos foi diagnosticado ontem em Hong Kong com o vírus A(H1N1), obrigando 300 hóspedes de um hotel a ficarem em quarentena.
O medo do vírus levou o hotel onde o turista mexicano se hospedou a fechar as portas por sete dias. O governo chinês decidiu suspender voos vindos do México. O jovem, que chegou a Hong Kong do México via Xangai, foi hospitalizado ao sentir sintomas da gripe A(H1N1), antes chamada de gripe suína.
Apesar de os casos continuarem subindo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não vê razão para elevar ao máximo o nível de alerta e declarar pandemia. Há 367 casos confirmados pela OMS em 13 países. Além disso, na terça, a Costa Rica já tinha anunciado dois casos. A França, ontem, mais dois. E a Coreia do Sul, um.
Segundo Marie-Paule Kieny, diretora para iniciativas de pesquisa em vacinas da OMS, cientistas americanos já isolaram o vírus, dando o primeiro passo para a produção de uma vacina. Ela disse que a luz verde para que laboratórios comecem a fabricação deve vir em semanas.
Mas explicou que não é uma decisão fácil, já que os laboratórios teriam que suspender a produção de vacinas contra a gripe sazonal, que mata até meio milhão de pessoas por ano em todo o mundo. "Estamos apostando se teremos ou não vacinas suficientes para gripe sazonal", disse Kieny. "É uma decisão difícil."
Com a chegada do inverno no hemisfério Sul e o consequente aumento da incidência de gripe comum, a OMS acha que a região pode se tornar mais vulnerável ao vírus A(H1N1). O Brasil informou à organização que tem um estoque de 9 milhões de doses, quantidade suficiente para enfrentar um surto.
Embora as empresas europeias respondam por quase 90% da produção mundial de vacinas, Kieny confirmou que entre os laboratórios contatados estão alguns de países em desenvolvimento, como o Instituto Butantã, em São Paulo.
As amostras do vírus devem ser enviadas aos laboratórios até o fim de maio, disse Kieny. Ela explicou que há duas formas de produzir a vacina, e só uma exige patente. Questionada se o vírus será compartilhado com países em desenvolvimento, uma reivindicação do Brasil, afirmou: "Certamente".
A OMS concluiu que as vacinas contra gripe sazonal não são eficazes contra o novo vírus. Segundo Kieny, "há consenso entre os cientistas de que elas não oferecem proteção contra a influenza A(H1N1)".


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