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OMS anuncia 1º caso de nova gripe na Ásia
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A nova gripe que há três dias
colocou o mundo em estado de
pré-pandemia chega à Ásia. Um
mexicano de 25 anos foi diagnosticado ontem em Hong
Kong com o vírus A(H1N1),
obrigando 300 hóspedes de um
hotel a ficarem em quarentena.
O medo do vírus levou o hotel
onde o turista mexicano se hospedou a fechar as portas por sete dias. O governo chinês decidiu suspender voos vindos do
México. O jovem, que chegou a
Hong Kong do México via Xangai, foi hospitalizado ao sentir
sintomas da gripe A(H1N1), antes chamada de gripe suína.
Apesar de os casos continuarem subindo, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) ainda
não vê razão para elevar ao máximo o nível de alerta e declarar
pandemia. Há 367 casos confirmados pela OMS em 13 países.
Além disso, na terça, a Costa Rica já tinha anunciado dois casos. A França, ontem, mais
dois. E a Coreia do Sul, um.
Segundo Marie-Paule Kieny,
diretora para iniciativas de pesquisa em vacinas da OMS, cientistas americanos já isolaram o
vírus, dando o primeiro passo
para a produção de uma vacina.
Ela disse que a luz verde para
que laboratórios comecem a fabricação deve vir em semanas.
Mas explicou que não é uma
decisão fácil, já que os laboratórios teriam que suspender a
produção de vacinas contra a
gripe sazonal, que mata até
meio milhão de pessoas por
ano em todo o mundo. "Estamos apostando se teremos ou
não vacinas suficientes para
gripe sazonal", disse Kieny. "É
uma decisão difícil."
Com a chegada do inverno no
hemisfério Sul e o consequente
aumento da incidência de gripe
comum, a OMS acha que a região pode se tornar mais vulnerável ao vírus A(H1N1). O Brasil
informou à organização que
tem um estoque de 9 milhões
de doses, quantidade suficiente
para enfrentar um surto.
Embora as empresas europeias respondam por quase
90% da produção mundial de
vacinas, Kieny confirmou que
entre os laboratórios contatados estão alguns de países em
desenvolvimento, como o Instituto Butantã, em São Paulo.
As amostras do vírus devem
ser enviadas aos laboratórios
até o fim de maio, disse Kieny.
Ela explicou que há duas formas de produzir a vacina, e só
uma exige patente. Questionada se o vírus será compartilhado com países em desenvolvimento, uma reivindicação do
Brasil, afirmou: "Certamente".
A OMS concluiu que as vacinas contra gripe sazonal não
são eficazes contra o novo vírus. Segundo Kieny, "há consenso entre os cientistas de que
elas não oferecem proteção
contra a influenza A(H1N1)".
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