São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Assembleia vira capítulo de política local

DA ENVIADA A SAN PEDRO SULA

A organização das ruas de San Pedro Sula, sede da Assembleia Geral da OEA, é inspirada em Manhattan -são avenidas largas com perpendiculares numeradas. Mas a maioria dos edifícios é baixa, e o 1 milhão de habitantes se espalha em casas que vão ficando mais pobres longe do centro da cidade, já perto das florestas úmidas desta parte da América Central.
A inspiração nova-iorquina remete à formação político-social da região, considerada a "capital industrial" de Honduras e berço do Partido Liberal, uma das duas agremiações que há décadas dominam o governo do país.
Como em muitas das ex-colônias espanholas na América -o território hondurenho fazia parte da Grande Capitania da Guatemala-, no período pós-independência os liberais defendiam grosso modo o secularismo e o livre mercado. Os conservadores, que aqui deram origem ao Partido Nacional, eram o grupo da Igreja Católica e dos grandes proprietários de terras, doadas pela antiga metrópole.
Hoje, a maioria das indústrias na região de San Pedro Sula é de maquiladoras, que têm isenção de impostos para produzir e exportar principalmente roupas, alimentos e bebidas para grandes marcas nos Estados Unidos.
Os empresários locais vêm se afastando do Partido Liberal do presidente Manuel Zelaya, temendo que sua adesão à chavista Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) se traduza em estatismo.
A reunião da OEA será na sede do Clube Social Hondurenho Árabe, símbolo do poder das famílias de origem libanesa e palestina que controlam 50% dos negócios na cidade. Mas os empresários não compareceram aos encontros entre os diplomatas e a sociedade civil, parte do programa da assembleia.

Constituinte
O mal-estar entre a elite econômica e o presidente, que segundo críticos à esquerda carece de consistência ideológica, deve-se também ao fato de Zelaya ter anunciado que pretende promover uma Assembleia Constituinte, como fizeram os bolivarianos sul-americanos. Para isso, quer incluir a "quarta urna" na eleição geral de novembro. Além de elegeram presidente, deputados e prefeitos, os hondurenhos votariam em um referendo sobre a convocação da Constituinte.
A assembleia da OEA, a primeira desde a criação da organização a acontecer em Honduras, virou parte do confronto político, e opositores criticaram o prefeito de San Pedro Sula, aliado de Zelaya, por ter proibido manifestações nesta semana na cidade, patrulhada pelo Exército na operação Círculo Maia. (CA)


Texto Anterior: Análise: Alvo de Chávez é a própria OEA
Próximo Texto: Em posse, salvadorenho diz se espelhar em Lula e Obama
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.