São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009

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Ditador da Coreia do Norte nomeia caçula seu sucessor

Mensagem foi enviada a missões do país no exterior, diz imprensa da Coreia do Sul

Jornais dizem que e-mail foi enviado após teste nuclear do mês passado; Pyongyang prepara disparo de míssil capaz de chegar ao Alasca


DA REDAÇÃO

O regime do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, enviou mensagem a todas as missões diplomáticas do país no exterior anunciando a escolha do seu filho caçula, Kim Jong-un, 26, à sua sucessão, noticia hoje a imprensa sul-coreana.
"Foi confirmado por meio de vários canais que a Coreia do Norte enviou e-mails a missões pedindo lealdade a Kim Jong-un", informou o jornal "Dong-a Ilbo", citando fonte anônima.
A informação foi veiculada também pela agência de notícias Yonhap e pelo "Hankook Ilbo", que a atribuiu ao serviço secreto sul-coreano. A agência de Inteligência disse, porém, não poder confirmar a notícia.
Nenhum dos órgãos que a divulgaram trouxeram detalhes a respeito de quando a substituição do atual ditador por seu filho ocorreria.
Procurada pela Folha, a Embaixada da Coreia do Norte no Brasil não confirmou o recebimento da mensagem.
Kim, 67 e desde 1994 no poder, teria sofrido um derrame em agosto de 2008 e estaria em frágil estado de saúde. Desde então, cresceram as especulações sobre sua sucessão.
A imprensa sul-coreana diz que a mensagem foi enviada logo após a realização do teste nuclear do último dia 24 (manhã local do dia 25), o segundo da história da Coreia do Norte e pivô da recente crise regional.
Especialistas acreditam que o teste e o endurecimento nas relações com o Grupo dos Seis (EUA, China, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte), Washington à frente, façam parte do esforço de Kim para aplacar pressões da linha dura interna e manter o controle sobre sua sucessão.
Recentemente, a imprensa sul-coreana vinha noticiando também um movimento de eliminação da ala "liberal" do regime, e já apontava Jong-un como favorito a perpetuar a família à frente da Coreia do Norte pela terceira geração.
Kim Il-sung, pai de Jong-il e fundador da República Democrática Popular da Coreia, morreu em 1994, aos 82 anos.
Sobre o futuro líder do regime norte-coreano, sabe-se que estudou na Suíça com identidade falsa, fala inglês e aprecia música ocidental e basquete, segundo o jornal espanhol "El País". Jong-un é tido ainda como dotado de capacidade de liderança e parecido com o pai no estilo de exercê-la.
Em abril, ele havia sido indicado para a Comissão Nacional de Defesa como instrutor de baixo nível, segundo o jornal.
Jong-il tem ainda dois outros filhos. O mais velho deles, Kim Jong-nam, 38, foi durante muito tempo considerado o seu sucessor natural. Isso, porém, até ser detido no Japão em 2001 com passaporte da República Dominicana quando tentava visitar um parque de diversões no estilo "Disney" em Tóquio.
Kim Jong-chol, 29, o filho do meio, é considerado "afeminado" pelo pai, segundo livro de um dissidente norte-coreano.

Míssil balístico
Também segundo a imprensa sul-coreana, a Coreia do Norte transportou para a base de lançamento seu míssil de longo alcance mais avançado entre domingo e ontem e pode lançar o projétil, capaz de atingir o território americano do Alasca, na próxima semana.
Pyongyang tem realizado exercícios navais na sua costa leste, em áreas próximas à fronteira marítima com a Coreia do Sul, até hoje disputada pelos vizinhos. Na última década, em pelo menos dois episódios escaramuças fizeram vítimas.
A Coreia do Norte ameaça adotar medidas de "autodefesa" caso o CS (Conselho de Segurança) da ONU decida adotar novas sanções contra o país em retaliação à realização de um teste nuclear há nove dias.
A detonação do artefato, que viola resolução do CS e tem potência estimada em cinco vezes à da explosão de 2006, provocou reprovação internacional unânime. Na semana passada, Pyongyang invalidou armistício de 1953 com Seul.


Com agências internacionais


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