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Bush e Putin têm prioridades diversas em cúpula informal
Americano quer apoio para nova sanção ao Irã; Russo deseja um recuo da Casa Branca sobre escudo antimísseis e Kosovo
Encontro, que começou com jantar ontem à noite, tem a presença de Bush pai, que era presidente quando a União Soviética acabou
DA REDAÇÃO
O presidente russo, Vladimir
Putin, chegou no fim da tarde
de ontem aos Estados Unidos
para um dia de conversas "informais" com o colega George
W. Bush na casa de veraneio do
ex-presidente George Bush
(1989-1993), pai do atual presidente americano, em Kennebunkport, no Estado do Maine.
Apesar da tensão recente entre os dois países, expressa nas
queixas públicas de Putin em
relação à política externa de
Bush, os dois presidentes se encontram com prioridades diferentes, de acordo com a imprensa americana.
Segundo o "New York Times", Bush pretende pedir o
apoio de Putin para a aprovação de novas sanções contra o
Irã no Conselho de Segurança
da ONU. Já o objetivo de Putin
é discutir temas como o projeto
da Casa Branca de instalar bases do sistema antimísseis
americano na Polônia e na República Tcheca e o apoio dos
EUA à independência da Província sérvia de Kosovo. O "Times" não esclarece se o pedido
de Bush sobre o Irã pode ser objeto de barganha com o russo.
O encontro foi apelidado de
"cúpula da lagosta" por causa
da abundância do crustáceo na
costa do Maine. Deve ser uma
das últimas reuniões entre os
dois, pois o mandato de Putin
termina no início de 2008. Teria sido sugestão do russo fazer
essa escala antes de seguir para
a Guatemala, onde ele tem uma
reunião com o COI (Comitê
Olímpico Internacional).
Jantar em família
As conversas começaram ontem com um jantar do qual participaram, além dos dois presidentes, Bush pai e sua mulher,
Barbara, a secretária de Estado,
Condoleezza Rice, e o assessor
de Segurança Nacional da Casa
Branca, Stephen J. Hadley.
Bush pai era presidente
quando a União Soviética acabou, em 1991, e tinha bom relacionamento com os dirigentes
russos da época. Muitas das reclamações de Putin se referem
ao que considera um avanço
dos EUA sobre áreas de influência da antiga URSS.
Para Bush, diz o "Times", o
esforço para pressionar o Irã é a
pauta mais importante. Na sexta-feira, os EUA discutiram no
Conselho de Segurança da
ONU uma proposta que pede
que todos os países inspecionem mercadorias que cheguem
do Irã ou se destinem ao país
em busca de materiais que possam ser usados no enriquecimento de urânio.
A ONU exige que o Irã suspenda o programa, temerosa de
que o país use o combustível
para armas atômicas; Teerã
alega que o projeto tem fins pacíficos. A Rússia teme que Washington use o fracasso das sanções como argumento para atacar o Irã sob o manto de legitimidade das Nações Unidas.
Em relação ao sistema antimísseis americano, o presidente russo quer discutir sua proposta de que uma das bases que
seriam instaladas no Leste Europeu seja construída em uma
instalação russa no Azerbaijão.
O secretário da Defesa dos
EUA, Robert Gates, já disse que
o Azerbaijão poderia ser um
complemento e não uma alternativa ao plano original.
O especialista em Rússia Andrew Kuchins, do Centro de
Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington, disse
ao "Financial Times" que a decisão de reunir-se na casa de
Bush pai, com a presença dele,
simboliza a necessidade de "supervisão adulta" de um dos relacionamentos bilaterais mais
importantes do mundo.
"Ambos estão agindo com o
pensamento na história e no legado que deixarão e acho que
nenhum deles vai querer que
parte desse legado seja uma relação EUA-Rússia estragada."
Um alto funcionário americano avisou que não se devem
esperar acordos concretos.
"Não é uma cúpula formal, da
qual se devem esperar anúncios, comunicados conjuntos
ou iniciativas de grande alcance", disse ao jornal britânico.
Antes da chegada de Putin,
cerca de 1.500 manifestantes
marcharam no balneário contra as guerras de Bush no Iraque e de Putin na Tchetchênia.
Com agências internacionais, "New York Times"
e "Financial Times"
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