São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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XENOFOBIA
Segundo pesquisa, apenas 33% são anti-racistas
Teses racistas atraem 58% dos franceses

RODRIGO AMARAL
de Paris

Mais da metade dos franceses pode ser considerada "racista" ou ao menos "atraída pelo racismo", segundo uma pesquisa realizada a pedido de órgãos vinculados ao governo francês.
Levantamento realizado pelo instituto de opinião CSA a pedido da Comissão de Direitos do Homem e do Serviço de Informações do Governo classificou 18% dos franceses como racistas. Em outros 40%, foram encontrados sinais de simpatia por teses que estimulam a segregação racial.
O instituto colheu opiniões de 1.040 pessoas, pertencentes a diversas categorias sociais e simpatias políticas, sobre uma série de tópicos relacionada ao racismo.
De acordo com as respostas obtidas, os entrevistados foram classificados nas duas categorias anteriores ou na de "anti-racista", na qual foram incluídos 33%.
Outros 9% tiveram suas respostas desconsideradas, por não fazerem sentido ou serem contraditórias.
A pesquisa foi divulgada ontem pelo jornal "Le Monde", por meio de um artigo assinado por Roland Cayrol, diretor do CSA.

Negros e árabes demais
Apoiado em outro levantamento, realizado pelo instituto Eurobaromètre, que aponta a França como o segundo país mais racista da União Européia (atrás apenas da Bélgica), o "Le Monde" mostrou preocupação com o que chama de "exceção francesa".
Segundo Cayrol, as pessoas classificadas como racistas acham que há negros e árabes em excesso no país, que os imigrantes vêm à França para se aproveitar do sistema de segurança social, que hoje se vive pior na França do que antigamente e que não há necessidade de lutar contra o racismo.
Além disso, essas pessoas se autodenominam racistas e concordam com as teses defendidas pelo partido ultranacionalista Frente Nacional (FN). A porcentagem (18%) está próxima das votações recebidas pela FN.
Já quem foi classificado como "atraído pelo racismo" se aproxima dos primeiros, segundo Cayrol, principalmente pela rejeição aos imigrantes e pela nostalgia de uma França de antigamente.
Mas a pesquisa também revelou que o racismo perde força entre os franceses mais jovens. Apenas 10% dos entrevistados com menos de 25 anos foram classificados como racistas. O grupo de anti-racistas, por sua vez, ficou com 47%.



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