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Santander confirma negociação com Chávez
Presidente venezuelano anunciara na véspera intenção de nacionalizar filial de banco espanhol, terceira maior do país
Governo Zapatero disse que não pretende intervir em operação, que qualificou de normal; ações do Santander
sofreram perdas em Madrid
Henry Solorzano -31.jul.08/France Presse
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O presidente do Banco de Venezuela (à esquerda) se reúne com representantes do governo Chávez para discutir nacionalização
DA REDAÇÃO
O grupo espanhol Santander
confirmou ontem negociações
para a venda de sua filial Banco
de Venezuela ao governo do
presidente Hugo Chávez, que
anunciou na quinta a nacionalização da instituição. As cifras
da operação não foram reveladas, mas o valor estimado do
terceiro maior banco da Venezuela chega a US$ 1,9 bilhão.
Em nota, o Santander afirmou que tentou vender o Banco de Venezuela a um grupo de
investidores privados, mas que,
apesar de alguns acordos, o negócio não foi concluído -anteontem, Chávez sugeriu haver
impedido a compra.
"Com o recente interesse
manifestado pelo governo venezuelano na compra do Banco
de Venezuela, o Banco Santander está iniciando conversações a respeito", informou o gigante espanhol em nota.
Caracas afirmou que já na
quinta-feira o diretor da filial
do banco na capital se reuniu
com o vice-presidente Ramón
Carrizález para discutir a ação.
A matriz, porém, enfrentou
perdas após admitir negociações. As ações do Santander na
Espanha se desvalorizaram
2,35% nas primeiras 24 horas
após o anúncio, arrastando todo o setor bancário -o Bilbao
Vizcaya Argentaria (BBVA),
por exemplo, caiu 2,54%.
O governo espanhol descartou ontem intervir na aquisição, que classificou como "uma
negociação completamente
respeitosa e normal, sem nenhum tipo de problema especial". Segundo a vice-presidente de governo espanhola, María
Teresa Fernández de la Vega,
ambas as partes asseguraram
que a venda deverá ser concluída em breve.
Sem traumas
A incorporação do Banco de
Venezuela ao Estado amplia ao
setor financeiro a onda de nacionalizações que atingiu sob
Chávez as áreas de telecomunicações, energia e indústria.
O Banco de Venezuela, de
marca forte e alto valor agregado, tem 10,7% dos depósitos,
285 agências e 3 milhões de
clientes do país, de acordo com
o balanço semestral do Santander. Com 4.565 empregados, a
instituição é conhecida pela alta especialização da mão-de-obra. A unidade foi responsável
por 2% dos lucros da matriz
(US$ 170 milhões), de acordo
com o balanço.
Confirmando a previsão de
analistas de um processo sem
traumas, o primeiro dia após o
anúncio da nacionalização não
apresentou turbulência nas
agências da filial, onde o clima
ontem era de normalidade.
O Banco Central da Venezuela informou que o sistema financeiro operou "de maneira
satisfatória e com solidez".
Para prevenir inquietações,
pouco após anunciar a nacionalização Chávez fez uma tentativa de tranqüilizar clientes,
acionistas e mercados. "Deve
ficar claro para a opinião pública nacional e internacional que
[a nacionalização] será feita
com apego aos procedimentos
estabelecidos em nossas leis e
com o devido respeito aos
atuais acionistas." Caracas
também garantiu a estabilidade dos funcionários do banco e
disse que os clientes "podem
ter total confiança" quanto à
normalidade das operações.
Apesar disso, houve alertas
contra uma possível fuga de depósitos no banco. O ex-gerente
do Banco Central Domingo
Maza Zavala disse que "os cidadãos não têm boa opinião sobre
a gestão estatal" e "tem que haver temor, pois o sistema financeiro é o coração do sistema circulatório do país".
Última chance
Ainda ontem, o governo venezuelano afirmou que Chávez
aproveitou o último dia dos poderes extraordinários para governar por decretos, concedidos pelo Parlamento em fevereiro de 2007, para reformar
parcialmente a Lei Geral de
Bancos e Outras Instituições
Financeiras, que organiza o sistema econômico e financeiro
venezuelano. O teor das mudanças, contudo, só deverá ser
detalhado na próxima semana.
Com agências internacionais
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