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São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Meta é assumir certas funções hoje nas mãos dos EUA; voz atribuída a Saddam nega elo com morte de líder xiita

Conselho nomeia ministério iraquiano

Murad Sezer/Associated Press
Soldados americanos nadam em piscina localizada dentro de um dos palácios de Saddam, em Tikrit, a cidade natal do ex-ditador


DA REDAÇÃO

O Conselho de Governo Iraquiano nomeou ontem um gabinete formado por 25 ministros -a maioria desconhecidos- com o objetivo de começar a assumir algumas decisões diárias que atualmente estão nas mãos dos norte-americanos.
Embora seja considerada a deliberação mais importante do conselho desde sua nomeação pelos EUA, em julho, a maior parte das decisões continuará concentrada nas mãos do chefe da Autoridade Provisória da Coalizão (APC), Paul Bremer, até que um governo eleito seja empossado.
Um porta-voz da APC disse ontem que a indicação dos ministros "representa um passo significativo para que os iraquianos assumam o controle do governo e suas instituições". Bremer está fora do Iraque, de férias.
A nomeação dos ministros foi distribuída entre os diversos grupos étnicos e religiosos -de forma semelhante à composição do conselho. São 13 xiitas, 5 sunitas, 5 curdos, 1 turcomeno e 1 cristão.
Os novos ministros, quase todos desconhecidos até da população iraquiana, terão a função de supervisionar os assuntos relacionados à sua pasta, mas decisões maiores só serão tomadas após consulta à APC. Não haverá um primeiro-ministro.
O Ministério do Petróleo, considerado o mais importante, foi dado ao xiita Ibrahim Bahr al Uloum. Sua tarefa será supervisionar a reconstrução da indústria do petróleo, a única fonte de renda significativa iraquiana. O curdo Hoshyar Zebari foi escolhido para ser o chanceler.
Os ministros devem ser empossados hoje, depois do enterro do líder xiita Mohammed Baqer al Hakim, cujo cortejo fúnebre, que saiu ontem de Bagdá rumo a Najaf, tem reunido milhares de xiitas.
Al Hakim foi morto na última sexta-feira em Najaf (160 km ao sul de Bagdá), em atentado que matou até 125 pessoas.

Voz atribuída a Saddam
Ontem, as TVs árabes Al Jazira, de Qatar, e a libanesa LBC divulgaram mais uma fita de áudio atribuída ao ex-ditador Saddam Hussein. Na gravação, ele negaria o envolvimento no atentado que matou Al Hakim -o mais violento do pós-guerra iraquiano. A voz, no entanto, pede mais ataques contra as forças de ocupação, lideradas pelos Estados Unidos.
"Heróis, intensifiquem seus bravos e dolorosos ataques contra os ocupantes estrangeiros, de onde quer que venham e seja qual for sua nacionalidade", diz a voz atribuída a Saddam.
A APC informou ontem que agentes do FBI (polícia federal americana) estavam a caminho de Najaf para ajudar nas investigações a pedido do governo local, que anunciou a prisão de até cinco iraquianos, supostamente ligados ao regime de Saddam.
No sábado, fontes da polícia iraquiana haviam dito que até 19 suspeitos tinham sido presos, entre eles sauditas, palestinos e kuaitianos, que teriam ligação com a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden. Essa informação não foi confirmada oficialmente.
Os EUA têm acusado forças leais ao ex-ditador de realizar ataques contras as suas tropas e outros alvos no país.
O ataque que matou Al Hakim intensificou o debate sobre a instabilidade no Iraque, onde atentados anteriores já haviam atingido, em Bagdá, as instalações da ONU e a Embaixada da Jordânia.
Os ataques de guerrilha já mataram 65 soldados americanos e 11 britânicos desde que Washington declarou o fim das principais operações de combate, em 1º de maio.

Com agências internacionais

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