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São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2003

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GUERRA SUJA

Eles integravam lista de extradição à Espanha

Justiça argentina manda soltar 39 acusados de violações na ditadura

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O juiz argentino Rodolfo Canicoba Corral ordenou ontem a libertação dos 39 militares e ex-militares e um civil que tiveram pedido de prisão para fins de extradição solicitado pelo juiz espanhol Baltasar Garzón no mês de julho. Os detidos são acusados de violação de direitos humanos durante a última ditadura militar (1976-83) e serão libertados porque a Espanha decidiu na última sexta-feira que não oficializará o pedido de extradição.
O governo espanhol decidiu na última sexta-feira que não iria encaminhar os pedidos de extradição sob o argumento de que, com a anulação das leis de anistia pelo Congresso, a Justiça argentina passaria a ter condições de julgá-los. Mas, até que a Suprema Corte de Justiça analise o tema, a anulação não terá efeito jurídico.
A Justiça federal de Buenos Aires ordenou ontem a abertura de duas novas causas que investigam violação de direitos humanos durante a ditadura. A decisão foi tomada com base na anulação das leis de anistia. Segundo o juiz Corral, essa medida permitirá avanços nas investigações, mas a decisão final será da Suprema Corte.

Confissão
Mais um ex-general argentino admitiu que houve prática de tortura durante a ditadura. O general Reynaldo Bignone, detido por roubo de bebês de desaparecidos, admitiu que a ditadura vitimou pelo menos 8.000 pessoas. Disse ainda que os casos de tortura eram conhecidos pela Igreja Católica. As declarações foram publicadas ontem pelo "Página/12".
No dia anterior, o mesmo jornal trouxe declarações do general da reserva Ramón Díaz Bessone, em que também admitia que pelo menos 7.000 pessoas foram torturadas e mortas pelo governo na ditadura. As declarações foram dadas ao Canal Plus, de Paris, e reproduzidas pelo jornal argentino.
Segundo as entidades de direitos humanos na Argentina, a última ditadura militar produziu 30 mil desaparecidos.


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