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GUERRA SUJA
Eles integravam lista de extradição à Espanha
Justiça argentina manda soltar 39 acusados de violações na ditadura
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O juiz argentino Rodolfo Canicoba Corral ordenou ontem a libertação dos 39 militares e ex-militares e um civil que tiveram pedido de prisão para fins de extradição solicitado pelo juiz espanhol Baltasar Garzón no mês de
julho. Os detidos são acusados de
violação de direitos humanos durante a última ditadura militar
(1976-83) e serão libertados porque a Espanha decidiu na última
sexta-feira que não oficializará o
pedido de extradição.
O governo espanhol decidiu na
última sexta-feira que não iria encaminhar os pedidos de extradição sob o argumento de que, com
a anulação das leis de anistia pelo
Congresso, a Justiça argentina
passaria a ter condições de julgá-los. Mas, até que a Suprema Corte
de Justiça analise o tema, a anulação não terá efeito jurídico.
A Justiça federal de Buenos Aires ordenou ontem a abertura de
duas novas causas que investigam
violação de direitos humanos durante a ditadura. A decisão foi tomada com base na anulação das
leis de anistia. Segundo o juiz Corral, essa medida permitirá avanços nas investigações, mas a decisão final será da Suprema Corte.
Confissão
Mais um ex-general argentino
admitiu que houve prática de tortura durante a ditadura. O general
Reynaldo Bignone, detido por
roubo de bebês de desaparecidos,
admitiu que a ditadura vitimou
pelo menos 8.000 pessoas. Disse
ainda que os casos de tortura
eram conhecidos pela Igreja Católica. As declarações foram publicadas ontem pelo "Página/12".
No dia anterior, o mesmo jornal
trouxe declarações do general da
reserva Ramón Díaz Bessone, em
que também admitia que pelo
menos 7.000 pessoas foram torturadas e mortas pelo governo na
ditadura. As declarações foram
dadas ao Canal Plus, de Paris, e reproduzidas pelo jornal argentino.
Segundo as entidades de direitos humanos na Argentina, a última ditadura militar produziu 30
mil desaparecidos.
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