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São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2003

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DROGAS

Venda sob prescrição a doentes será observada por outros países europeus

Holanda começa a entregar maconha para farmácias

Guido Benschop/Reuters
Frascos com maconha para uso medicinal são exibidos em uma farmácia de Roterdã, na Holanda


DO FINANCIAL TIMES, EM AMSTERDÃ

O início do programa holandês de venda de maconha como uma droga sob prescrição para pacientes com doenças crônicas está sendo observado com atenção por outros países europeus.
Segundo o Ministério da Saúde holandês, Reino Unido, Bélgica e Luxemburgo se interessaram em ver como a Holanda se sai na condição de primeiro país do mundo a vender maconha sob prescrição.
A medida holandesa é a última ação pioneira na área de reforma social num país que foi o primeiro a legalizar a eutanásia e onde a maconha, apesar de ilegal, é vendida em cafés autorizados.
Os dois fornecedores contratados pelo governo começaram ontem a transportar a droga para várias farmácias no país, onde vai estar disponível para venda aos pacientes, em fracos de cinco gramas, até o final da semana.
O uso será permitido para aliviar sintomas relacionados ao tratamento de câncer terminal, Aids, esclerose múltipla e síndrome de Tourette (que causa tiques e movimentos involuntários).
O Ministério da Saúde espera que a maconha seja consumida por de 4.000 a 7.000 pacientes, subindo para 15 mil em 2004. O governo tem o monopólio do comércio da droga, produzida pelos dois laboratórios autorizados.
A maconha começou a ter seus benefícios medicinais estudados na Holanda, em 2000. Rapidamente, foi dado o primeiro passo para autorizar o uso em tratamento médico com a criação do Escritório de Canabis Medicinal.
O uso da droga foi aprovado apenas como último recurso e para doenças em que os estudos científicos mostram benefícios.
O programa holandês também reflete o fato de que muitos doentes já compravam a maconha para aliviar a dor, em cafés ou de forma ilegal. "É agora um método seguro, porque a qualidade está garantida", disse uma autoridade do Ministério da Saúde. A recomendação é que a maconha seja usada em inalação ou na forma de chá, pois a fumaça do cigarro traria efeitos nocivos. Críticos dizem que não há testes suficientes sobre os efeitos terapêuticos da droga e que o seu uso aumenta as chances de depressão e esquizofrenia. A associação de farmacêuticos admite efeitos negativos da droga.
Já a associação holandesa dos portadores de HIV pediu que os seguros de saúde cubram os custos da maconha. Surgiram mais críticas sobre o preço da droga do que com as preocupações médicas ou legais.
A maconha nas farmácias será mais cara do que nos cafés. O frasco da versão SIMM18 custará 44 (R$ 143). O da Bedrocan, mais forte, 50 (R$ 162). Isso, segundo o governo, reflete a alta qualidade e a cobrança de 6% de imposto.

Com agências internacionais


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