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Irã diz ter plano para novo diálogo nuclear
Anúncio, não detalhado, surge um dia antes de reunião das potências para discutir novas sanções econômicas contra Teerã
Diplomatas dos EUA dizem que governo iraniano quer ganhar tempo; AIEA afirma que temores de ameaça nuclear são "exagerados"
DA REDAÇÃO
O governo iraniano disse ontem ter em mãos uma nova
proposta para retomar o diálogo com as grandes potências
sobre seu programa de enriquecimento de urânio.
O anúncio, não detalhado,
surgiu na véspera de uma reunião do P5 + 1 -grupo que reúne as cinco potências atômicas
do Conselho de Segurança da
ONU mais a Alemanha- para
discutir o reforço das sanções
econômicas contra Teerã.
O encontro do P5 + 1, hoje em
Berlim, selará a primeira participação ativa dos EUA na mesa
de negociações sobre o dossiê
iraniano. Na era Bush, os EUA
acompanharam à distância as
discussões do P5 + 1 com Teerã.
Neste mês vence o prazo estabelecido pelos EUA para que
Teerã retome o diálogo visando
o fim de seu programa atômico
sob pena de adotar novas sanções, que poderiam restringir a
compra de combustível pelos
iranianos -embora seja um
grande exportador de petróleo,
o Irã importa gasolina, devido à
falta de infraestrutura para o
refino.
A última rodada de conversas
ocorreu no ano passado, quando o grupo prometeu suspender sanções da ONU e mais incentivos financeiros em troca
da suspensão do programa de
enriquecimento de urânio iraniano, suspeito de ter objetivos
militares velados.
O Irã recusou a oferta, alegando que tem direito de enriquecer urânio -o que pode fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em
cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Segundo a imprensa oficial
iraniana, Teerã agora se dispõe
a fazer o possível para "dissipar
preocupações comuns no cenário internacional". O Irã não
detalhou a proposta nem disse
quando pretende apresentá-la
ao P5 + 1. Mas é tido como certo
que o país não abrirá mão de
seu programa nuclear.
Diplomatas americanos disseram que Teerã continua recorrendo a subterfúgios retóricos para ganhar tempo e dividir
o grupo dos negociadores.
Ao mostrar-se disposto a dialogar, o Irã fortaleceria a posição de Rússia e China, que têm
importantes negócios com
Teerã e são contra a adoção de
mais sanções.
Risco exagerado
O secretário-geral da AIEA,
Mohamed El Baradei, disse ontem que são "exagerados" os temores de que o Irã se torne
uma ameaça nuclear. Segundo
ele, não há provas de que o país
queira a bomba.
Relatório da AIEA concluiu
na semana passada que o Irã diminuiu sua produção de urânio
enriquecido e vem cooperando
de forma mais efetiva com o
monitoramento de suas centrais nucleares, mas ainda deve
explicações sobre a natureza de
seu programa atômico.
É a primeira vez que o Irã
freia a produção de suas centrais desde 2002, quando dissidentes revelaram à AIEA atividades nucleares não declaradas. Cerca de 4.500 centrífugas
estão em atividade no país, contra 5.000 em junho. Não se sabe
se a queda resulta da pressão
externa ou de causas técnicas.
Com agências internacionais
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