São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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Irã diz ter plano para novo diálogo nuclear

Anúncio, não detalhado, surge um dia antes de reunião das potências para discutir novas sanções econômicas contra Teerã

Diplomatas dos EUA dizem que governo iraniano quer ganhar tempo; AIEA afirma que temores de ameaça nuclear são "exagerados"

DA REDAÇÃO

O governo iraniano disse ontem ter em mãos uma nova proposta para retomar o diálogo com as grandes potências sobre seu programa de enriquecimento de urânio.
O anúncio, não detalhado, surgiu na véspera de uma reunião do P5 + 1 -grupo que reúne as cinco potências atômicas do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha- para discutir o reforço das sanções econômicas contra Teerã.
O encontro do P5 + 1, hoje em Berlim, selará a primeira participação ativa dos EUA na mesa de negociações sobre o dossiê iraniano. Na era Bush, os EUA acompanharam à distância as discussões do P5 + 1 com Teerã.
Neste mês vence o prazo estabelecido pelos EUA para que Teerã retome o diálogo visando o fim de seu programa atômico sob pena de adotar novas sanções, que poderiam restringir a compra de combustível pelos iranianos -embora seja um grande exportador de petróleo, o Irã importa gasolina, devido à falta de infraestrutura para o refino.
A última rodada de conversas ocorreu no ano passado, quando o grupo prometeu suspender sanções da ONU e mais incentivos financeiros em troca da suspensão do programa de enriquecimento de urânio iraniano, suspeito de ter objetivos militares velados.
O Irã recusou a oferta, alegando que tem direito de enriquecer urânio -o que pode fazer sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Segundo a imprensa oficial iraniana, Teerã agora se dispõe a fazer o possível para "dissipar preocupações comuns no cenário internacional". O Irã não detalhou a proposta nem disse quando pretende apresentá-la ao P5 + 1. Mas é tido como certo que o país não abrirá mão de seu programa nuclear.
Diplomatas americanos disseram que Teerã continua recorrendo a subterfúgios retóricos para ganhar tempo e dividir o grupo dos negociadores.
Ao mostrar-se disposto a dialogar, o Irã fortaleceria a posição de Rússia e China, que têm importantes negócios com Teerã e são contra a adoção de mais sanções.

Risco exagerado
O secretário-geral da AIEA, Mohamed El Baradei, disse ontem que são "exagerados" os temores de que o Irã se torne uma ameaça nuclear. Segundo ele, não há provas de que o país queira a bomba.
Relatório da AIEA concluiu na semana passada que o Irã diminuiu sua produção de urânio enriquecido e vem cooperando de forma mais efetiva com o monitoramento de suas centrais nucleares, mas ainda deve explicações sobre a natureza de seu programa atômico.
É a primeira vez que o Irã freia a produção de suas centrais desde 2002, quando dissidentes revelaram à AIEA atividades nucleares não declaradas. Cerca de 4.500 centrífugas estão em atividade no país, contra 5.000 em junho. Não se sabe se a queda resulta da pressão externa ou de causas técnicas.


Com agências internacionais


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