São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2011

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Otan manterá ataques até achar Gaddafi

Aliança ocidental faz anúncio em cúpula em Paris para discutir o futuro da Líbia após derrota final de ditador

ONU anuncia que uma missão civil, com meta de organizar eleições e equipar a polícia, será enviada o quanto antes

Goran Tomasevic/Reuters
Insurgentes em cima de míssil em base militar atacada pela Otan

CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

A Otan anunciou ontem que prosseguirá com suas operações na Líbia pelo tempo que julgar necessário, com o argumento de que Muammar Gaddafi, apesar de bastante enfraquecido, ainda representa uma ameaça.
A decisão foi divulgada ontem pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, após conferência que reuniu 63 "amigos da Líbia", em Paris. O Brasil participou.
A ideia é que a aliança militar ocidental continue justificando os bombardeios com base em resolução do Conselho de Segurança da ONU. O texto permite à Otan apenas proteger civis, mas na prática os bombardeios resultaram na virtual queda de Gaddafi. Isso vem sendo criticado por alguns estudiosos de direito internacional, para quem a autorização dada pela ONU foi extrapolada.
"A guerra ainda não acabou. Ainda há confrontos. Por isso a Otan está pronta para continuar nossas operações o quanto for necessário", disse o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen.
Caberá à ONU papel central na coordenação, junto com a liderança do CNT (Conselho Nacional de Transição), que representa os rebeldes, do processo de democratização e reconstrução do país.
Uma missão civil do organismo deve ser enviada à Líbia "o mais cedo possível" para trabalhar em temas que vão de polícia a justiça.

INSTITUIÇÕES
Após mais de 40 anos sob ditadura, o país tem que construir praticamente do zero instituições, partidos políticos, organizar eleições e escrever uma Constituição.
Os países decidiram, por unanimidade, liberar fundos do antigo regime que haviam sido congelados por resolução da ONU -com a franquia imediata de US$ 15 bilhões dos US$ 100 bilhões bloqueados.
"Estamos comprometidos a desbloquear fundos da Líbia do passado para financiar o desenvolvimento da Líbia do futuro", afirmou Sarkozy.
Esse dinheiro vem sem condicionantes para o governo transitório líbio, que pediu, contudo, a assessoria de especialistas sobre como mais bem gastá-lo. A prioridade é a situação humanitária do país após meses de conflito, como o restabelecimento do suprimento de água e de eletricidade.
Em contrapartida, o "grupo de amigos" pediu ao CNT que se comprometa com a reconciliação nacional. Copatrocinado por França e Reino Unido, o encontro foi pensado como o "batismo internacional" do CNT como liderança legítima da Líbia. Ontem, dia da reunião, Gaddafi completaria 42 anos no poder. Mesmo países que ainda não reconheceram o CNT -como Brasil e China- enviaram representantes.


Próximo Texto: Gaddafi afirma que não se rende, ainda que Líbia fique em chamas
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.