São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Ofensiva contra reduto da insurgência seria o início de grandes operações contra áreas fora de controle

EUA invadem cidade e matam mais de cem

DA REDAÇÃO

Forças americanas e iraquianas fizeram uma grande operação ontem para tomar a cidade de Samarra, um dos principais centros da insurgência sunita iraquiana. Segundo o governo iraquiano, mais de cem supostos insurgentes foram mortos e outros 37 acabaram capturados.
O ataque contra Samarra, cidade de 250 mil habitantes a 95 km ao norte de Bagdá, aparentemente anuncia o início de grandes operações militares para recuperar outras áreas do país controladas por insurgentes a poucos meses das eleições gerais, em janeiro.
Se confirmada, essa grande ofensiva ocorre também na reta final das eleições presidenciais americanas, daqui exatamente a um mês. A Guerra do Iraque é um dos principais temas da disputa entre o presidente republicano George W. Bush, candidato à reeleição, e o democrata John Kerry.
Apoiados por aviões de guerra e tanques, cerca de 5.000 homens (dos quais 3.000 americanos) entraram na cidade para tomar a prefeitura, a mesquita principal e outros pontos-chave, deixando apenas bolsões de resistência após mais de 12 horas de combate, de acordo com as forças americanas e o governo iraquiano.
Um médico do hospital geral de Samarra disse que ao menos 80 corpos e mais de cem feridos lotaram o centro médico, mas que era difícil afirmar quantos deles eram insurgentes.
Um soldado americano foi morto e outros quatro ficaram feridos quando um helicóptero AH-64 Cobra foi atingido por disparos de baixo calibre. A aeronave foi capaz de aterrissar numa base perto da cidade, segundo as forças americanas.
"Não pouparemos esforços para limpar todas as terras e cidades iraquianas desses criminosos e construiremos o caminho por meio dessas operações não apenas para a reconstrução mas também para as eleições gerais", afirmou, em entrevista coletiva, Qasim Dowoud, ministro da Segurança Nacional.
"Estamos trabalhando para uma completa limpeza da cidade de todos aqueles terroristas", disse Dowoud, que descreveu Samarra como uma "cidade fora da lei" que fugiu ao controle das autoridades do país.
Teme-se que a eventual incapacidade de instalar centros de votação em cidades como Samarra mancharia -ou até mesmo invalidaria- os resultados eleitorais.
Dentro do chamado Triângulo Sunita, em que a insurgência contra a ocupação americana tem sido mais aguerrida, Samarra era uma "zona proibida" para as forças americanas desde maio. Algumas tropas dos EUA voltaram em setembro após um frágil acordo de paz, mas os combates rapidamente foram retomados.

Bagdá e Fallujah
Também ontem, aviões e tanques norte-americanos atacaram a imensa região pobre de Sadr City, em Bagdá, de maioria xiita. Ao menos 12 iraquianos morreram e outros 11 ficaram feridos, segundo um hospital local, mas os EUA confirmaram a morte de apenas um insurgente armado.
Na região norte de Fallujah, cinco civis iraquianos foram mortos -entre eles mulheres e crianças- e 11 ficaram feridos quando um bombardeio aéreo americano destruiu duas casas ontem, informaram um fotógrafo da agência Associated Press e um médico.
O ataque não foi confirmado por porta-vozes das forças americanas em Bagdá.


Com agências internacionais


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