São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Eleição não soluciona impasse político na Ucrânia

Juntos, líderes da Revolução Laranja conquistam maior parte dos votos, mas terão de superar divergências para formar um novo governo

DA REDAÇÃO

O resultado das eleições legislativas de domingo na Ucrânia devolveu a ex-república soviética ao impasse que tem marcado sua vida política desde a Revolução Laranja, que em 2004 levou à Presidência um político alinhado com a União Européia e os EUA.
Com 90% das urnas apuradas, o resultado indica que, juntos, os líderes pró-Ocidente -o atual presidente, Viktor Yushchenko, e a ex-premiê Yulia Tymoshenko- conquistaram a maior parte dos votos. O partido Nossa Ucrânia, de Yushchenko, obteve 14,5%, e o bloco de Tymoshenko, 31,26%.
Eles se apresentaram como vencedores e se disseram dispostos a formar a nova coalizão de governo, apesar das divergências que os mantiveram separados nos últimos dois anos.
Mas o atual premiê pró-Rússia, Viktor Yanukovich, também reivindicou a vitória e o direito de formar uma coalizão com partidos menores. A agremiação de Yanukovich, o Partido das Regiões, foi individualmente a mais votada, com 33,49%, segundo o último boletim divulgado pela Comissão Central Eleitoral.
"De acordo com os padrões internacionais, o Partido das Regiões tem todo o direito de formar um governo", afirmou o atual primeiro-ministro.
Antecipando o embate, o presidente Yushchenko ordenou uma investigação sobre a apuração dos votos, alegando suspeita de fraude após um atraso na contagem em regiões onde Yanukovich tem maior apoio. Ele afirmou em um discurso na TV que "os que cometerem fraude serão punidos".
A mídia ucraniana relatou irregularidades em vários pontos do país, apesar da conclusão de monitores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) de que a votação ocorreu de acordo com padrões internacionais.

Desafio
Ontem, Tymoshenko afirmou que se reunirá em breve com Yushchenko para formalizar uma aliança de governo. Para isso, porém, os dois líderes ainda deverão superar suas diferenças do passado.
Yushchenko, 46, e Tymoshenko, 53, lideraram a Revolução Laranja de 2004, quando conclamaram milhares de ucranianos a irem às ruas contra Yanukovich, acusado de vencer eleições presidenciais por meio de fraude. O movimento popular foi bem sucedido e, em uma repetição do segundo turno, Yushchenko conquistou a Presidência.
Com uma autorização judicial, Yushchenko substituiu Yanukovich por Tymoshenko como primeira-ministra, mas a união durou apenas sete meses. Após disputas internas, o presidente demitiu Tymoshenko e acabou abrindo caminho para o retorno de Yanukovich.
A coalizão laranja está ameaçada ainda pelas ambições conflitantes dos dois líderes. Tanto Tymoshenko quanto Yushchenko acenam com a possibilidade de concorrer à Presidência em 2009. "Dois líderes laranjas ambicionando o mesmo assento presidencial tornam a coalizão bastante instável", afirmou à Associated Press o analista político Mykhailo Pohrebinsky.
Nesse cenário, a posição dos partidos menores poderá se revelar crucial. Até a última contagem, o Partido Comunista tinha 5,31% dos votos; o Bloco Lytvyn, 3,99%; e o Partido Socialista, 3%. Para conseguir assentos, partidos precisam obter ao menos 3% dos votos.


Com Reuters e Associated Press


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