DA REDAÇÃO

O governo dos EUA chamou de volta temporariamente sua embaixadora em Caracas, Donna Hrinak. A decisão, anunciada ontem, foi tomada em reação a críticas ao bombardeio contra o Afeganistão feitas pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Em um programa de TV na segunda-feira, o presidente afirmou que os EUA respondiam aos atentados de 11 de setembro com uma "matança de inocentes" e mostrou fotos de crianças supostamente mortas nos bombardeios.
"Apoiamos a luta contra o terrorismo. Sobre isso ninguém deve ter dúvida. Mas também temos dito desde o primeiro dia que não se pode responder ao terror com mais terror", disse Chávez.
"O presidente Chávez fez comentários que consideramos totalmente impróprios", reagiu ontem o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Reeker.
A Embaixada dos EUA em Caracas rechaçou a posição de Chávez na terça-feira, e, anteontem, o presidente George W. Bush lamentou a atitude do colega.
"As declarações do presidente Chávez não correspondem à posição da Venezuela na ONU, na Organização dos Estados Americanos e no Tratado do Rio", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. "O presidente Bush atuou e atua com o apoio da maioria dos países. Ele lamenta essas declarações, que não estão de acordo com as posições que a Venezuela já adotou nas organizações internacionais."
O incidente diplomático foi apenas o mais recente de uma série de atritos entre a Casa Branca e Chávez, visto com suspeitas pelos EUA devido a seu discurso nacionalista e seus contatos com Cuba.
A reação americana reforça a posição anunciada no lançamento da "guerra contra o terrorismo", quando Bush afirmou que os países que não apoiassem os EUA seriam vistos como aliados dos terroristas. A convocação da embaixadora ocorre ainda em um momento em que o país sofre críticas pela morte de civis afegãos.
O chanceler Alfonso Dávila disse que as relações da Venezuela com os EUA "não estão em risco".
Hrinak foi nomeada em julho para ser a embaixadora dos EUA no Brasil a partir de 2002.