São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2010

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O IMPÉRIO VOTA

Voto pró-maconha mobiliza voluntários

Eleitores da Califórnia decidem hoje, em plebiscito, se uso recreativo da droga deverá ser permitido no Estado

Ativistas distribuem hoje 100 mil avisos nas casas de Los Angeles; caronas também fazem parte da estratégia

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

David Olson, 21, nunca se meteu em politicagem. Mas, para as eleições na Califórnia, o estudante está há dois meses fazendo campanha e já até gastou US$ 800 do próprio bolso. Ao seu lado está outra voluntária, Jenalea Smith, 67, ambos à espera de um comboio para distribuir panfletos num bairro universitário de Los Angeles.
A causa dos dois é a mesma: conseguir votos para o plebiscito da descriminalização da maconha no Estado, a ser votado hoje, junto com as eleições legislativas e para governador.
Na Califórnia e em outros Estados, a maconha medicinal já é legalizada. O plebiscito quer liberar o uso recreativo e a plantação de até 25 m2 para maiores de 21 anos, além de criar impostos.
"Isto aqui vai além da política, é liberdade de escolha", disse Olson, na sede da campanha pelo sim, no sábado, onde cerca de 40 voluntários recebiam instruções de como agir no dia da eleição.
Olson, que diz fumar maconha quase diariamente há cinco anos, estuda políticas ambientais e trabalha como promotor de eventos. Ele fez camisetas para divulgar o movimento e montou uma mesa no campus para tirar dúvidas dos estudantes.
Broches, adesivos e panfletos com a folhinha da maconha estavam espalhados por todos os cantos da sede. "Yes We Can(nabis)", dizia um pôster, fazendo alusão ao slogan de Obama de 2008.
A aposentada Smith começou a usar a droga há cinco anos para "aliviar as dores da idade" e se engajou na causa após uma amiga ser diagnosticada com câncer.
"Fui me informar, descobri outras maneiras de consumir a droga. Ajudou muito quando ela começou a quimioterapia. Depois, entrar para a campanha foi um passo natural", disse Smith.
Ela prefere fazer telefonemas pedindo voto a sair às ruas. Diz, porém, que 40% se dizem a favor da campanha quando uma pessoa liga, contra 50% quando é uma ligação automática.
A última pesquisa de um instituto neutro mostrou 49% contra e 42% a favor.

ESTRATÉGIA
Hoje, os voluntários planejam distribuir cerca de 100 mil avisos nas casas de Los Angeles. Dar carona e abordar pessoas na rua também fazem parte das estratégias.
Uma das críticas à medida é que as regras para a comercialização da droga ficarão a cargo de cada uma das 478 cidades e 58 condados do Estado, o que daria espaço para um tremendo caos jurídico.
Os voluntários sabem disso e preparam suas retóricas. "Digam que será como a reforma da saúde, não é perfeita, mas podemos melhorá-la. Vamos aprovar o básico, a descriminalização", dizia uma das coordenadoras.


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