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EUA começam a sair do Afeganistão em 2011
Anúncio seria feito por Obama em pronunciamento na noite de ontem e foi confirmado por assessores ao longo do dia
Plano também prevê envio de 30 mil soldados a mais; não há, porém, prazo para finalizar a retirada total das tropas estrangeiras do país
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Dez meses após sua posse, oito meses depois de anunciar
um novo foco para o conflito e
nove reuniões com o alto escalão de seu governo depois, o
presidente Barack Obama definiu sua nova estratégia para a
Guerra do Afeganistão. Ela envolve o envio de 30 mil novos
soldados para o front nos próximos oito meses, dá um prazo
inicial de julho de 2011 para o
início de retirada das tropas
americanas do país e exige um
maior comprometimento do
governo afegão com as metas
americanas.
Com isso, o efetivo do país alcançará a casa dos 100 mil soldados, dos quais metade terá sido mandada por Obama. O objetivo da tropa será conter o recrudescimento dos ataques do
Taleban, grupo extremista que
comandava o país até 2001,
quando dava abrigo à Al Qaeda
e a Osama Bin Laden, mas também treinar os locais para que o
país possa contar rapidamente
com uma força de segurança
nacional hoje virtualmente
inexistente, fortalecendo no
processo o governo central.
O anúncio oficial seria feito
em discurso que começaria às
20h locais (23h de Brasília) de
ontem na academia militar de
West Point, no Estado de Nova
York. Nele, segundo revelaram
assessores ao longo do dia,
Obama diria que a meta americana na região é interromper,
prejudicar e por fim derrotar a
Al Qaeda e evitar que essa retorne para o Afeganistão ou para o Paquistão -boa parte da
organização terrorista responsável pelo ataque de 11 de Setembro se encontra hoje na
fronteira porosa entre aqueles
dois países.
Dois fronts
Para tanto, a estratégia será
dividida em dois fronts. No Paquistão, o objetivo é ajudar o
governo local a estabilizar seu
país do ponto de vista político,
econômico e de segurança. No
Afeganistão, evitar tanto que a
Al Qaeda retorne ao país como
que o Taleban derrube o governo atual, do presidente Hamid
Karzai, um reticente aliado de
Washington. Daí a escalada de
30 mil soldados, que desviarão
o foco de sua atuação, hoje pulverizada, para os maiores centros urbanos, principalmente
no sul e no leste do país.
Dessa maneira, acredita o comando obamista, diminuirão
as baixas e os feridos norte-americanos, que já passam de
5.000 e atingiram seu pico em
2009. Com isso, também, esperam os estrategistas, aumentará o apoio popular à condução
da guerra -hoje, apenas 35%
avaliam positivamente o comando de Obama no assunto,
ante 56% em julho último.
Ao bancar um aumento de
efetivo sugerido por seu comando militar, embora em menor tamanho do que fora pedido, e ao agregar a ele seus parâmetros para a condução e conclusão do conflito, Obama estará assumindo definitivamente
como sua uma guerra iniciada
há oito anos por seu antecessor,
o republicano George W. Bush.
As decisões, das quais participaram todo o alto escalão
obamista, foram tomadas após
três meses de revisão de estratégia e no dia seguinte a uma
conversa de uma hora de Obama com o presidente afegão, recém-eleito para novo mandato
em pleito contestado. Karzai
preocupa a Casa Branca pela
corrupção de seu governo e pela leniência com o tráfico.
Se o anúncio de aumento de
tropas vem sendo bem-recebido pela oposição republicana, o
mesmo não pode ser dito do
partido do presidente. A ala
mais progressista do Partido
Democrata foi contra o aumento, e deputados chegaram a sugerir uma "taxa de guerra", que
cobraria 1% dos americanos
mais ricos para bancar os custos do conflito.
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