|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Assessor de Zelaya prega de novo sua "volta incondicional"
Na véspera de Congresso votar restituição, aliado retoma tese de "devolução do tempo mutilado do mandato" do deposto
Como o governo interino, partidários de Zelaya dão como certa a negativa do Legislativo à restituição em sessão marcada para hoje
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
Na véspera de o Congresso
decidir sobre a restituição de
Manuel Zelaya, seu principal
assessor político, Carlos Reina,
defendeu que o presidente deposto volte "de forma incondicional" para cumprir quatro
anos de mandato na íntegra e
exigiu anulação da eleição de
domingo, vencida pelo conservador Porfirio Lobo.
"A eleição deve ser anulada.
Exigimos a restauração da ordem democrática, a restituição
imediata do presidente José
Manuel Zelaya. Que lhe devolvam o tempo mutilado de seu
período do governo, que deve
ser, sem exceção, de quatro
anos, nenhum dia a mais, nenhum dia a menos", disse Reina, que ontem deixou a embaixada brasileira, onde estava
abrigado havia 72 dias.
O dirigente do fraturado Partido Liberal (centro-direita)
chamou Lobo de "presidente
da fraude" e disse que Zelaya já
tomou medidas judiciais para
tentar anular o pleito, que também indicou novos deputados,
prefeitos e vereadores.
Reina convocou também
uma manifestação para hoje,
diante do Congresso, que terá
uma sessão especial para decidir sobre a volta de Zelaya.
A votação faz parte do acordo
mediado pelos EUA assinado
no final de outubro entre o presidente deposto e o governo interino. No início de novembro,
porém, Zelaya disse que o pacto
era "letra morta", ao não aceitar um governo de unidade encabeçado pelo presidente interino, Roberto Micheletti.
Em declarações recentes, Zelaya tem dito que sua restituição tem de ser "sem condições", mas não vê a possibilidade de o Congresso aprovar o
seu retorno. Fontes do governo
Micheletti também preveem
uma derrota do deposto.
O resultado da votação, porém, está nas mãos do Partido
Nacional (PN, direita), de Lobo.
Com a segunda bancada do
Congresso, a agremiação tem
votos suficientes para decidir,
por causa da divisão dos liberais entre Micheletti e Zelaya.
Ao longo da campanha, Lobo
buscou se distanciar de Micheletti, apesar de seu partido ter
apoiado a deposição de Zelaya,
durante votação no Congresso.
Nem o eleito nem o PN anunciaram sua posição sobre o retorno de Zelaya, mas Lobo disse anteontem que o presidente
deposto "já é história".
Em 28 de junho, quando Zelaya foi detido e expulso do
país, o Congresso aprovou uma
suposta carta de renúncia, datada de três dias antes e negada
pelo presidente deposto. A sua
deposição teve o apoio de outras instituições, como a Corte
Suprema e o Ministério Público, que o acusam de impulsar
ilegalmente uma Constituinte.
Em 21 de setembro, Zelaya
voltou clandestinamente a
Honduras, onde se refugiou na
embaixada brasileira. Ele tem
dito que ficará no local pelo menos até o dia 27 de janeiro,
quando terminaria o seu mandato. Questionado sobre o assunto, Reina disse que são "especulações" as informações de
que iria para o exílio.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice
|