São Paulo, quarta-feira, 02 de dezembro de 2009

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Assessor de Zelaya prega de novo sua "volta incondicional"

Na véspera de Congresso votar restituição, aliado retoma tese de "devolução do tempo mutilado do mandato" do deposto

Como o governo interino, partidários de Zelaya dão como certa a negativa do Legislativo à restituição em sessão marcada para hoje


FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA

Na véspera de o Congresso decidir sobre a restituição de Manuel Zelaya, seu principal assessor político, Carlos Reina, defendeu que o presidente deposto volte "de forma incondicional" para cumprir quatro anos de mandato na íntegra e exigiu anulação da eleição de domingo, vencida pelo conservador Porfirio Lobo.
"A eleição deve ser anulada. Exigimos a restauração da ordem democrática, a restituição imediata do presidente José Manuel Zelaya. Que lhe devolvam o tempo mutilado de seu período do governo, que deve ser, sem exceção, de quatro anos, nenhum dia a mais, nenhum dia a menos", disse Reina, que ontem deixou a embaixada brasileira, onde estava abrigado havia 72 dias.
O dirigente do fraturado Partido Liberal (centro-direita) chamou Lobo de "presidente da fraude" e disse que Zelaya já tomou medidas judiciais para tentar anular o pleito, que também indicou novos deputados, prefeitos e vereadores.
Reina convocou também uma manifestação para hoje, diante do Congresso, que terá uma sessão especial para decidir sobre a volta de Zelaya.
A votação faz parte do acordo mediado pelos EUA assinado no final de outubro entre o presidente deposto e o governo interino. No início de novembro, porém, Zelaya disse que o pacto era "letra morta", ao não aceitar um governo de unidade encabeçado pelo presidente interino, Roberto Micheletti.
Em declarações recentes, Zelaya tem dito que sua restituição tem de ser "sem condições", mas não vê a possibilidade de o Congresso aprovar o seu retorno. Fontes do governo Micheletti também preveem uma derrota do deposto.
O resultado da votação, porém, está nas mãos do Partido Nacional (PN, direita), de Lobo. Com a segunda bancada do Congresso, a agremiação tem votos suficientes para decidir, por causa da divisão dos liberais entre Micheletti e Zelaya.
Ao longo da campanha, Lobo buscou se distanciar de Micheletti, apesar de seu partido ter apoiado a deposição de Zelaya, durante votação no Congresso. Nem o eleito nem o PN anunciaram sua posição sobre o retorno de Zelaya, mas Lobo disse anteontem que o presidente deposto "já é história".
Em 28 de junho, quando Zelaya foi detido e expulso do país, o Congresso aprovou uma suposta carta de renúncia, datada de três dias antes e negada pelo presidente deposto. A sua deposição teve o apoio de outras instituições, como a Corte Suprema e o Ministério Público, que o acusam de impulsar ilegalmente uma Constituinte.
Em 21 de setembro, Zelaya voltou clandestinamente a Honduras, onde se refugiou na embaixada brasileira. Ele tem dito que ficará no local pelo menos até o dia 27 de janeiro, quando terminaria o seu mandato. Questionado sobre o assunto, Reina disse que são "especulações" as informações de que iria para o exílio.


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