São Paulo, domingo, 3 de janeiro de 1999

Próximo Texto | Índice

CUBA
Ditador faz discurso para celebrar o aniversário da Revolução Cubana
Após 40 anos, Fidel ainda espera o fim do capitalismo

das agências internacionais

O ditador cubano, Fidel Castro, afirmou que o capitalismo "cairá inevitavelmente" e disse que a atual ordem econômica mundial converteu o mundo em um "gigantesco cassino".
O discurso, pronunciado anteontem em Santiago de Cuba, leste do país, celebrou os 40 anos da Revolução Cubana. "A revolução apenas começou", disse.
O presidente cubano, de 72 anos, falou do balcão da Prefeitura de Santiago, mesma tribuna de onde discursou pela primeira vez como líder do país, em 1959, proclamando o triunfo da Revolução Cubanaapós a fuga do presidente Fulgencio Batista para a República Dominicana.
A crítica ao neoliberalismo e ao processo de globalização da economia foi o principal tema desenvolvido por ele. Segundo o presidente cubano, "o sistema econômico atual "é insustentável porque se baseia em leis que são cegas, caóticas, ruinosas e destrutivas para a sociedade".
O discurso, de uma hora e meia, foi transmitido ao vivo pelo rádio e pela TV. Em uma ação pouco usual, o presidente leu o pronunciamento, usando óculos. Normalmente, os longos discursos de Fidel são improvisados.
A fala de Fidel foi ouvida por cerca de 2.000 convidados na praça Céspedes, centro de Santiago. Entre os presentes estavam os prêmios Nobel de Literatura Gabriel García Márquez e José Saramago.
Antes da fala do presidente, foi exibido em um telão um documentário com imagens da recepção popular à vitória da revolução.
No discurso, o presidente criticou o embargo econômico norte-americano à ilha comunista e elogiou o povo cubano, "que tem resistido a 40 anos de agressão, bloqueio, à guerra política, econômica e ideológica da potência imperialista mais poderosa e rica que já existiu na história mundial".
Fidel também pediu o fim da "ditadura" do Conselho de Segurança da ONU, em referência ao poder de veto dos cinco membros permanentes do órgão (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França).
O presidente lembrou que 7 milhões dos 11 milhões de habitantes de Cuba não eram nascidos quando ocorreu a revolução de 1959. "O povo ao qual me dirijo não é o mesmo povo daquele 1º de janeiro", disse.
Fidel afirmou também ter mudado pouco desde a vitória da revolução. Disse ser "alguém muito menos jovem", mas "que se veste igual, que pensa igual, que sonha com as mesmas coisas."
Ele ressaltou as conquistas de seu governo, como o combate ao analfabetismo e a melhoria dos sistemas de educação e saúde do país.
O discurso foi encerrado com as tradicionais palavras de ordem "Socialismo ou morte! Pátria ou morte! Venceremos!"



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.