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Popularidade atrai aliados e gera discórdia
ENVIADO ESPECIAL A HUANCAYO (PERU)
Onze horas da manhã de quinta-feira da semana passada em
Huancayo, capital do Departamento de Junín. Sob uma chuva
fina e o frio eterno do altiplano
andino, dezenas de militantes se
aglomeram na lamacenta avenida
diante dos portões da Universidade Nacional do Centro do Peru à
espera de Ollanta Humala.
A recepção estava mais tensa
que alegre. Com a subida de Humala nas pesquisas de opinião, o
Partido Nacionalista Peruano
(PNP), fundado há apenas oito
meses, sofreu um inchaço e já
acumula 50 mil filiados, divididos
em facções que, nas últimas semanas, disputam as vagas de candidato ao Congresso. Na véspera,
o comitê de um pré-candidato da
cidade foi destruído a pedradas.
Um pré-candidato da coalizão
de Humala, Lazo Mayorca, tem o
seu carro atacado por mãos furiosas e gritos de "fujimorista" e
"corrupto". Na entrada, é barrado
por seguranças da universidade
-o evento era restrito a estudantes, que já lotavam as cadeiras e os
corredores do auditório para
mais de 300 pessoas.
Após 40 minutos de atraso, chega Humala, e o caos se instala de
vez. Protegido por seus seguranças, é cercado por militantes exaltados, que gritam: "Partido para
mudanças, e não para corruptos".
O pequeno portão é arrebentado,
e a universidade, invadida. Pelo
menos três pessoas caem e são
atropeladas, mas saem milagrosamente ilesas.
Fenômeno Humala
A briga partidária e a desorganização de sua campanha são só alguns dos problemas de Humala
potencializados após a escalada
nas pesquisas de opinião.
Humala, 43, tenente-coronel
aposentado e aliado de Hugo
Chávez, cuja maior façanha até
agora foi ter liderado, em 2000,
um levante militar contra o então
presidente Alberto Fujimori, virou o centro das atenções e o principal alvo de críticas e ataques da
imprevisível campanha peruana.
Contra ele, os demais 23 candidatos -entre eles o seu próprio
irmão Ulises, mais radical e
apoiado pelo pai-, a imprensa
peruana, aliados insatisfeitos,
inexperiência e falta de dinheiro.
"Quando aprendi a dirigir, de
repente fui parar no centro da cidade. Estou assim na política",
disse Humala à platéia. "A política
é uma cloaca neste momento."
Antes de começar a discursar, o
candidato nacionalista se uniu
aos estudantes, inconformados
com a invasão militante. Dando
ordens como militar, Humala comandou a expulsão de três deles,
agarrados pela camisa e colocados para fora do auditório.
(FM)
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