São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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AMÉRICA LATINA

Governo venezuelano acusa o capitão John Correa de espionagem e ameaça expulsar toda a missão dos EUA

Chávez expulsa adido militar americano

DA REDAÇÃO

Em mais um capítulo da conturbada relação entre Washington e Caracas, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, determinou ontem a expulsão de um adido naval da embaixada americana, acusando-o de espionagem.
"O capitão-de-fragata da Marinha de guerra dos EUA, que se chama John Correa, deve sair do país imediatamente", disse Chávez em discurso de comemoração dos sete anos de seu governo, transmitido em cadeia nacional.
"Decidimos, em termos diplomáticos, declarar [Correa] persona non grata, o que, em termos "criollos", significa expulsar do país um militar da missão dos EUA por espionagem", afirmou.
Chávez disse ainda que, caso sejam descobertos outros militares americanos em atividades semelhantes, toda a missão militar dos EUA será expulsa do país. "Advertimos o governo imperialista dos EUA que, se seus adidos militares na Venezuela continuarem fazendo o que esse capitão tem feito, serão detidos e colocados à disposição de sua embaixada."
A embaixada informou ter recebido um comunicado do governo venezuelano sobre o caso.
O Departamento de Estado rejeitou as acusações. "Nenhum dos adidos esteve ou está envolvido em atividades inadequadas", disse a porta-voz Janelle Hironimus.
Já o diretor de inteligência nacional, John Negroponte, acusou a Venezuela de estreitar laços com a Coréia do Norte e o Irã -que, para os EUA, fazem parte do "eixo do mal".
Na quarta-feira passada, o governo Chávez afirmou ter detido "alguns" militares venezuelanos depois de terem sido flagrados passando informações ao Pentágono. A suspeita era de que os oficiais tinham contatos dentro da embaixada americana -segundo Chávez, o adido naval.
O presidente citou como provas de espionagem a venda de gravações sobre operações militares e de códigos secretos e senhas.
Essa não é a primeira vez que Chávez acusa os EUA de espionagem. Em agosto do ano passado, ele rompeu com a agência antidrogas americana, a DEA.
As relações entre Caracas e Washington pioraram desde o golpe que afastou Chávez do poder por 48 horas em abril de 2002.
Para Chávez, a iniciativa frustrada teve apoio do presidente George W. Bush -cujo governo, segundo o venezuelano, quer matá-lo. Já os EUA consideram o governo chavista como um fator de desestabilização na região, acusando-o de apoiar grupos subversivos nos países vizinhos.


Com agências internacionais

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