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BOLÍVIA
Plantadores seqüestram funcionário do governo
Protesto de cocaleiros inaugura a primeira crise do governo Morales
DA REDAÇÃO
Um grupo de cocaleiros liderou
um protesto e manteve um funcionário público como refém no
centro da Bolívia, marcando a primeira crise enfrentada pelo governo do presidente Evo Morales,
ele próprio um ex-líder do movimento cocaleiro.
Armados com paus, machetes e
dinamites, os cocaleiros cercaram
dois acampamentos dos funcionários responsáveis pela erradicação da folha da coca na região, segundo informou o rádio "Erbol".
Juan Vargas foi seqüestrado por
algumas horas, mas depois liberado pelos cocaleiros, após negociações com o governo. Uma nova
rodada de conversas está prevista
para hoje, com uma suspensão
temporária dos protestos.
Segundo a imprensa local, o governo apresentará uma proposta
à principal demanda dos cocaleiros -a interrupção das erradicações. O protesto foi também em
rechaço à designação do dirigente
cocaleiro Felipe Cáceres para o
cargo de vice-ministro responsável pelo setor da coca. Ele apóia a
política de erradicação.
O conflito ocorreu na região do
Chapare, reduto do presidente
Morales. No entanto os cocaleiros
que protestaram não pertencem a
nenhuma das seis federações ligadas ao Movimento ao Socialismo
(MAS), partido de Morales, segundo o diário "La Razón".
O grupo planta coca no parque
nacional Carrasco, uma área de
proteção ambiental e portanto
proibida para o cultivo da planta.
Por lei, a plantação é considerada legal até um limite de 12 mil
hectares na zona dos Yungas. Na
região do Chapare, cada uma das
23 mil famílias tem autorização
para o plantio de 3.200 hectares
para consumo tradicional. O que
exceder esses limites nas duas regiões deve ser, por lei, erradicado.
Durante a campanha, Morales
defendera a legalização do cultivo
da coca, pedindo a realização de
um estudo independente para determinar a demanda real da coca
para consumo tradicional. Depois
que assumiu, ele propôs que, enquanto o estudo não for concluído, as erradicações continuem.
"Necessariamente temos de nos
sujeitar a essa norma, tem de haver erradicação voluntária, compensada, e estou convencido, como ex-produtor de coca, que a
substituição dos cultivos da folha
tem de ser paralela a um desenvolvimento integral da zonas produtores de coca", disse Cáceres.
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