São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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BOLÍVIA

Plantadores seqüestram funcionário do governo

Protesto de cocaleiros inaugura a primeira crise do governo Morales

DA REDAÇÃO

Um grupo de cocaleiros liderou um protesto e manteve um funcionário público como refém no centro da Bolívia, marcando a primeira crise enfrentada pelo governo do presidente Evo Morales, ele próprio um ex-líder do movimento cocaleiro.
Armados com paus, machetes e dinamites, os cocaleiros cercaram dois acampamentos dos funcionários responsáveis pela erradicação da folha da coca na região, segundo informou o rádio "Erbol".
Juan Vargas foi seqüestrado por algumas horas, mas depois liberado pelos cocaleiros, após negociações com o governo. Uma nova rodada de conversas está prevista para hoje, com uma suspensão temporária dos protestos.
Segundo a imprensa local, o governo apresentará uma proposta à principal demanda dos cocaleiros -a interrupção das erradicações. O protesto foi também em rechaço à designação do dirigente cocaleiro Felipe Cáceres para o cargo de vice-ministro responsável pelo setor da coca. Ele apóia a política de erradicação.
O conflito ocorreu na região do Chapare, reduto do presidente Morales. No entanto os cocaleiros que protestaram não pertencem a nenhuma das seis federações ligadas ao Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Morales, segundo o diário "La Razón".
O grupo planta coca no parque nacional Carrasco, uma área de proteção ambiental e portanto proibida para o cultivo da planta.
Por lei, a plantação é considerada legal até um limite de 12 mil hectares na zona dos Yungas. Na região do Chapare, cada uma das 23 mil famílias tem autorização para o plantio de 3.200 hectares para consumo tradicional. O que exceder esses limites nas duas regiões deve ser, por lei, erradicado.
Durante a campanha, Morales defendera a legalização do cultivo da coca, pedindo a realização de um estudo independente para determinar a demanda real da coca para consumo tradicional. Depois que assumiu, ele propôs que, enquanto o estudo não for concluído, as erradicações continuem.
"Necessariamente temos de nos sujeitar a essa norma, tem de haver erradicação voluntária, compensada, e estou convencido, como ex-produtor de coca, que a substituição dos cultivos da folha tem de ser paralela a um desenvolvimento integral da zonas produtores de coca", disse Cáceres.


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