São Paulo, sexta-feira, 03 de fevereiro de 2006

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"MULAS" CANINAS

Bolsas de heroína eram colocadas cirurgicamente no estômago dos filhotes; alguns morreram

Quadrilha usava cães para traficar drogas

AL BAKER
WILLIAM K. RASHBAUM
DO "NEW YORK TIMES"

Autoridades americanas anunciaram ontem que uma quadrilha colombiana estava preparando filhotes de cães para serem usados no tráfico de drogas. O plano era implantar cirurgicamente bolsas de heroína líquida nos corpos dos animais e depois enviá-los aos EUA.
Dez filhotes, incluindo vários da raça labrador, foram encontrados num canil que fazia parte de uma clínica veterinária improvisada em Medellín, na Colômbia, durante uma operação de busca há cerca de um ano. Segundo John Gilbride, responsável pelo trabalho em campo da DEA (agência americana de combate às drogas), uma mesa e instrumentos cirúrgicos foram encontrados na clínica.
Ao todo, três quilos de heroína líquida foram implantados em seis animais, em bolsas costuradas dentro da pele solta de seus abdomes. Os outros cachorrinhos ainda seriam operados.
Todos os filhotes encontrados na clínica foram resgatados, mas três morreram depois de infecções decorrentes das incisões sofridas, disse Gilbride. Os que sobreviveram já estão adultos e vivem na Colômbia. Não há indicações de que algum cachorro carregando drogas tenha conseguido ingressar nos EUA.
Dez pessoas foram indiciadas por conspirar para contrabandear heroína para Nova York. O veterinário responsável, identificado como Andres Lopez Elorez, está foragido, provavelmente na Espanha.
"Em meus 25 anos de carreira, trata-se de um dos métodos mais repulsivos de contrabando de drogas que eu, pessoalmente, já testemunhei", disse Gilbride.
Os policiais disseram que a quadrilha visada na investigação federal, que já resultou em 22 prisões, também empregava "mulas" humanas.
Um agente da DEA disse que, para passar pelos inspetores da alfândega americana, os filhotes seriam descritos como cães que participariam de competições. Na realidade, porém, seu destino provavelmente seria triste.


Tradução de Clara Allain

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