São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2009

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Feriado e visita de aliados marcam festa da década de Chávez no poder

Solenidade acontece às vésperas do referendo acerca de reeleição indefinida

Howard Yanes/Associated Press
Com líderes latino-americanos aliados ao fundo, Chávez discursa em comício pelos dez anos no cargo

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A menos de duas semanas do referendo sobre a reeleição indefinida, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, celebrou os seus dez anos no poder com um feriado e a visita de seus aliados da região, entre os quais o boliviano Evo Morales.
"Isto é muito mais do que um governo, é um processo coletivo, uma revolução. Uma revolução iniciada há dez anos, num dia como hoje, quando começou a se fazer governo", disse Chávez, durante reunião de cúpula da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas).
Antes, Chávez e os demais mandatários e representantes de governo participaram de uma cerimônia no Panteão Nacional, dentro de Caracas. De luvas brancas, seguraram a espada do líder da independência Simón Bolívar antes que o presidente venezuelano a depositasse ao lado de seu túmulo.
No final da tarde, Chávez encabeçou um grande comício na região central de Caracas, transmitido em cadeia obrigatória de rádio e TV. Sob forte chuva, discursou e ouviu palavras de apoio dos presidentes Morales, Rafael Correa (Equador), Daniel Ortega (Nicarágua) e Manuel Zelaya (Honduras), o último a entrar na Alba.
Diante de uma multidão encharcarda, Chávez disse que ontem começava um novo período da "revolução bolivariana": "Do 2 de fevereiro de 2009 até 2 de fevereiro de 2019".
Anunciado no fim de semana, o feriado de ontem pegou grande parte do país de surpresa. Muitas lojas e escolas abriram pela manhã, mas fecharam a seguir. Entidades empresariais criticaram a medida, acusando o governo de forçar o fechamento do comércio por meio da Guarda Nacional (GN).
"Até farmácias foram fechadas pela Guarda Nacional, quando se trata de um serviço público", disse o presidente da Fedecámaras, José Manuel González, entidade formada por empresários contrários a Chávez. Para ele, a medida é fruto de um "capricho". Em nota, o governo negou que tenha ordenado o fechamento de lojas e acusou a oposição de buscar o "desprestígio" da GN.

Campanha
O feriado foi anunciado pelo vice-presidente Ramón Carrizalez no sábado à noite, durante a transmissão, via TVs estatais, de uma partida de softbol entre funcionários do governo, incluindo Chávez, e a seleção nacional feminina. A equipe presidencial vestia um uniforme com os dizeres "Sí va", em alusão à campanha eleitoral.
A decretação do feriado e o uso da máquina estatal ao longo da campanha foram duramente criticados durante uma entrevista coletiva convocada por partidos oposicionistas. "Onde está o CNE [Conselho Nacional Eleitoral] quando o metrô de Caracas está forrado de mensagem do "sim", e o áudio, com músicas e propaganda a favor do "sim'?", questionou Tomás Guanipa, dirigente da agremiação Primeiro Justiça.
Em 12 dias, o país vai às urnas decidir sobre emenda constitucional que permite a reeleição presidencial sem limites.
Chávez já é o presidente há mais tempo no poder na América Latina. Pela atual Carta, deixará o poder em janeiro de 2013, após 14 anos no posto.


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