São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2009

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Reformista é pressionado a aceitar candidatura presidencial no Irã

Oposição acredita que ex-presidente Khatami teria chances contra Ahmadinejad

ROULA KHALAF E NAJMEH BOZORGMEHRIN
DO "FINANCIAL TIMES", EM TEERÃ

Mohammed Khatami, o ex-presidente reformista do Irã, deve anunciar que disputará a eleição presidencial de junho, numa tentativa de derrotar o esforço de reeleição do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad. Líderes políticos reformistas iranianos disseram que Khatami confirmará sua candidatura nos próximos dias, depois de ter fracassado em persuadir Mir-Hossein Moussavi, um antigo premiê que ele tem em alta conta, a representar os reformistas no pleito.
"Ele está mais perto do que em qualquer momento de aceitar a candidatura", disse Mohammad Ali Abtahi, assessor de Khatami em seus dois mandatos presidenciais, entre 1997 e 2005. Khatami poderia ainda reconsiderar caso Moussavi, político visto como honesto e bom administrador, mude de ideia no último minuto.
Em reunião no sábado com visitantes vindos da cidade sagrada de Qom, Khatami disse que preferiria ver Moussavi como principal candidato reformista, mas que o antigo premiê precisava decidir logo. Um segundo líder reformista, o religioso Mehdi Karroubi, anunciou candidatura, mas os assessores de Khatami esperam que ele aceite se retirar da disputa.
No Irã, o presidente tem poderes limitados -a autoridade cabe ao líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei-, mas os políticos reformistas dizem que uma cara mais moderada poderia ter impacto na política interna e também melhorar as chances de diálogo com os EUA.
Khatami, que ocupa um posto de médio escalão na hierarquia religiosa do país, vinha relutando em disputar. Sua experiência como presidente, quando a linha dura do regime bloqueou as suas propostas de reforma, o deixou frustrado.
Mas pessoas próximas dizem que ele é o único capaz de derrotar o populista Ahmadinejad, que deve disputar a reeleição. Embora os reformistas demonstrem igual apego ao programa nuclear do país, que Teerã afirma ter fins pacíficos, eles insistem em que, na Presidência, teriam mais sucesso em atender às preocupações ocidentais sobre a questão.
O aiatolá Khamenei vem apoiando o atual presidente, o que leva muitos analistas e diplomatas a presumir que Ahmadinejad tem sua reeleição garantida. Mas pessoas próximas a Khatami dizem que o líder supremo informou que não interferiria na eleição. Não existem pesquisas de opinião pública no Irã que permitam avaliar o clima entre os cidadãos. Mas os reformistas insistem em que pesquisas confidenciais sugerem que Khatami está à frente de Ahmadinejad.


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