São Paulo, Quarta-feira, 03 de Fevereiro de 1999
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CRIME NO MAR
Em 98, 67 tripulantes morreram em assaltos a suas embarcações, contra 51 em 97; número de incidentes diminui
Cresce o número de vítimas de piratas

RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha

O número de ataques de piratas a navios mercantes diminuiu em todo o mundo de 97 para 98, mas houve um aumento da violência contra os tripulantes. Foram 67 mortos no ano passado, contra 51 em 1997.
Os números foram divulgados ontem no relatório anual do IMB -sigla em inglês do Birô Marítimo Internacional, uma organização da Câmara Internacional de Comércio, sediada em Londres.
O relatório afirma também que, em um dos casos, todos os 23 chineses que tripulavam um navio foram metralhados pelos piratas e seus corpos foram jogados ao mar.
De acordo com a IMO (Organização Marítima Internacional, órgão da ONU), desde 1984 o número de ataques piratas vem aumentando, embora com intensidade variável nas diferentes regiões.
O mar do Sul da China e o estreito de Malacca continuam sendo as áreas mais problemáticas, apesar de os números estarem diminuindo -de 133 casos em 1996 para 109 em 1997.
Pelo estreito de Malacca, uma das áreas mais navegadas do planeta, passam por dia cerca de 200 navios.
Parte da diminuição se deve ao esforço de alguns países em patrulhar suas costas, como Cingapura, que investiu em barcos-patrulha.
Mas também se deve à mudança de área de ataque -muitos piratas passaram a atacar navios em pleno oceano Índico (41 ataques em 97 contra 30 em 96).
Ainda segundo a agência da ONU, os ataques aumentaram na América do Sul (45 em 97 contra 32 em 96), África Ocidental (30 em 97; 21 em 96), África Oriental (11 em 97; 7 em 96) e nos mares Mediterrâneo e Negro (11 em 97; 4 em 96).
Uma nova tendência, segundo um relatório anterior do IMB, é o sequestro do navio e toda sua carga, com a morte dos tripulantes e a transformação do mercante em um "navio-fantasma" com documentos falsos, geralmente das chamadas "bandeiras de conveniência" (de países como Libéria ou Panamá, que facilitam o registro de navios, exigem menos requisitos de segurança e cobram menos impostos).
De acordo com o birô, cerca de US$ 200 milhões em carga são roubados por ano por esses operadores de navios-fantasma dos portos do leste da Ásia.
O birô investigou cerca de vinte navios desse tipo nos últimos anos. O alvo preferido desses piratas são navios com cargas genéricas e mais fáceis de vender, como minerais e madeiras.
Mesmo assim, houve 138 relatos de abordagem de navios em 1998, e 11 ocasiões em que os piratas chegaram a atirar contra o mercante.


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