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CRIME NO MAR
Em 98, 67 tripulantes morreram em assaltos a suas embarcações, contra 51 em 97; número de incidentes diminui
Cresce o número de vítimas de piratas
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
O número de ataques de piratas a
navios mercantes diminuiu em todo o mundo de 97 para 98, mas
houve um aumento da violência
contra os tripulantes. Foram 67
mortos no ano passado, contra 51
em 1997.
Os números foram divulgados
ontem no relatório anual do IMB
-sigla em inglês do Birô Marítimo Internacional, uma organização da Câmara Internacional de
Comércio, sediada em Londres.
O relatório afirma também que,
em um dos casos, todos os 23 chineses que tripulavam um navio foram metralhados pelos piratas e
seus corpos foram jogados ao mar.
De acordo com a IMO (Organização Marítima Internacional, órgão da ONU), desde 1984 o número de ataques piratas vem aumentando, embora com intensidade
variável nas diferentes regiões.
O mar do Sul da China e o estreito de Malacca continuam sendo as
áreas mais problemáticas, apesar
de os números estarem diminuindo -de 133 casos em 1996 para 109
em 1997.
Pelo estreito de Malacca, uma
das áreas mais navegadas do planeta, passam por dia cerca de 200
navios.
Parte da diminuição se deve ao
esforço de alguns países em patrulhar suas costas, como Cingapura,
que investiu em barcos-patrulha.
Mas também se deve à mudança
de área de ataque -muitos piratas
passaram a atacar navios em pleno
oceano Índico (41 ataques em 97
contra 30 em 96).
Ainda segundo a agência da
ONU, os ataques aumentaram na
América do Sul (45 em 97 contra
32 em 96), África Ocidental (30 em
97; 21 em 96), África Oriental (11
em 97; 7 em 96) e nos mares Mediterrâneo e Negro (11 em 97; 4 em
96).
Uma nova tendência, segundo
um relatório anterior do IMB, é o
sequestro do navio e toda sua carga, com a morte dos tripulantes e a
transformação do mercante em
um "navio-fantasma" com documentos falsos, geralmente das chamadas "bandeiras de conveniência" (de países como Libéria ou Panamá, que facilitam o registro de
navios, exigem menos requisitos
de segurança e cobram menos impostos).
De acordo com o birô, cerca de
US$ 200 milhões em carga são roubados por ano por esses operadores de navios-fantasma dos portos
do leste da Ásia.
O birô investigou cerca de vinte
navios desse tipo nos últimos anos.
O alvo preferido desses piratas são
navios com cargas genéricas e mais
fáceis de vender, como minerais e
madeiras.
Mesmo assim, houve 138 relatos
de abordagem de navios em 1998, e
11 ocasiões em que os piratas chegaram a atirar contra o mercante.
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