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ORIENTE MÉDIO
Essa foi a condição imposta pelos oposicionistas para negociar a formação de um novo governo no Líbano
Oposição libanesa só dialoga com saída síria
DA REDAÇÃO
A oposição libanesa, com o importante amparo do presidente
dos EUA, George W. Bush, manteve a dureza de seu discurso contra Damasco ao insistir ontem
que não haverá diálogo com o
presidente libanês pró-Síria, Emile Lahoud, para a formação de um
novo governo enquanto as tropas
e os agentes de inteligência sírios
não se retirarem do Líbano.
A exigência dos opositores foi
feita em comunicado oficial, horas antes de Bush pedir em Washington que a Síria remova as
suas tropas do Líbano, permitindo que o país dos cedros tenha
uma chance para o desenvolvimento de uma democracia.
A pressão contra a Síria e o governo que tutela em Beirute se intensificou após o atentado que
matou o premiê Rafik Hariri
(1992-98 e 2000-04) no dia 14 do
mês passado. Os opositores acusam a Síria pelo assassinato. Damasco nega envolvimento.
Nesta semana, o ex-premiê libanês Omar Karami, ligado à Síria, e
todo o seu gabinete renunciaram
em meio a crescentes protestos
opositores nas ruas de Beirute.
Ontem, mais uma vez, milhares
de libaneses se reuniram na praça
dos Mártires para pedir a renúncia de Lahoud e a saída dos sírios.
"O passo que a oposição considera essencial no sentido da independência da salvação é a retirada
total do Exército e dos serviços de
inteligência sírios do Líbano", diz
o comunicado da oposição. "E esse passo requer um anúncio oficial do presidente da Síria sobre a
retirada", acrescenta o texto.
Anteontem, foi publicada entrevista do ditador sírio, Bashar al
Assad, na revista "Time", na qual
ele afirma que pretende remover
as tropas nos próximos meses.
Porém Assad disse não ser possível estabelecer uma data. Tampouco, segundo o ditador, há
condições logísticas para levar
adiante a saída imediatamente.
O comunicado dos opositores
foi elaborado após reunião dos líderes da oposição no palácio do
líder druso, Walid Jumblatt, nas
montanhas libanesas, a cerca de
30 km de Beirute.
"Apenas se as autoridades concordarem com essas condições,
nós poderemos integrar as conversas para a formação de um novo governo", disse Jumblatt, que é
uma das figuras mais fortes da
oposição libanesa.
Lahoud ainda não indicou
quem será o novo premiê. Para
evitar o agravamento da crise, o
presidente tem tentado sem sucesso dialogar com a oposição.
O governo que vier a ser formado permanecerá no cargo até a
eleição parlamentar de maio.
Entre os nomes especulados em
Beirute para o cargo de premiê estão os do ex-primeiro-ministro
Salim al Hoss (1998-2000), muito
respeitado no Líbano, e da irmã
de Hariri, Bahiya. Porém os dois
já teriam afirmado que não pretendem integrar um governo provisório. Pela lei libanesa, o premiê
precisa ser obrigatoriamente um
muçulmano sunita.
Já Bush elogiou nos EUA o encontro do chanceler da França,
Michel Barnier, com a secretária
de Estado americana, Condoleezza Rice, em Londres.
"Os dois disseram claramente
para a Síria: "Vocês [sírios] devem
retirar as suas tropas e os seus serviços de segurança do Líbano,
permitindo assim que a democracia tenha uma chance de florescer'", afirmou o presidente.
O Exército da Síria mantém cerca de 14 mil soldados no Líbano, a
maior parte deles na região do vale do Bekaa, na estrada que liga
Beirute a Damasco.
Com agências internacionais
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