São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Essa foi a condição imposta pelos oposicionistas para negociar a formação de um novo governo no Líbano

Oposição libanesa só dialoga com saída síria

DA REDAÇÃO

A oposição libanesa, com o importante amparo do presidente dos EUA, George W. Bush, manteve a dureza de seu discurso contra Damasco ao insistir ontem que não haverá diálogo com o presidente libanês pró-Síria, Emile Lahoud, para a formação de um novo governo enquanto as tropas e os agentes de inteligência sírios não se retirarem do Líbano.
A exigência dos opositores foi feita em comunicado oficial, horas antes de Bush pedir em Washington que a Síria remova as suas tropas do Líbano, permitindo que o país dos cedros tenha uma chance para o desenvolvimento de uma democracia.
A pressão contra a Síria e o governo que tutela em Beirute se intensificou após o atentado que matou o premiê Rafik Hariri (1992-98 e 2000-04) no dia 14 do mês passado. Os opositores acusam a Síria pelo assassinato. Damasco nega envolvimento.
Nesta semana, o ex-premiê libanês Omar Karami, ligado à Síria, e todo o seu gabinete renunciaram em meio a crescentes protestos opositores nas ruas de Beirute. Ontem, mais uma vez, milhares de libaneses se reuniram na praça dos Mártires para pedir a renúncia de Lahoud e a saída dos sírios.
"O passo que a oposição considera essencial no sentido da independência da salvação é a retirada total do Exército e dos serviços de inteligência sírios do Líbano", diz o comunicado da oposição. "E esse passo requer um anúncio oficial do presidente da Síria sobre a retirada", acrescenta o texto.
Anteontem, foi publicada entrevista do ditador sírio, Bashar al Assad, na revista "Time", na qual ele afirma que pretende remover as tropas nos próximos meses. Porém Assad disse não ser possível estabelecer uma data. Tampouco, segundo o ditador, há condições logísticas para levar adiante a saída imediatamente.
O comunicado dos opositores foi elaborado após reunião dos líderes da oposição no palácio do líder druso, Walid Jumblatt, nas montanhas libanesas, a cerca de 30 km de Beirute.
"Apenas se as autoridades concordarem com essas condições, nós poderemos integrar as conversas para a formação de um novo governo", disse Jumblatt, que é uma das figuras mais fortes da oposição libanesa.
Lahoud ainda não indicou quem será o novo premiê. Para evitar o agravamento da crise, o presidente tem tentado sem sucesso dialogar com a oposição.
O governo que vier a ser formado permanecerá no cargo até a eleição parlamentar de maio.
Entre os nomes especulados em Beirute para o cargo de premiê estão os do ex-primeiro-ministro Salim al Hoss (1998-2000), muito respeitado no Líbano, e da irmã de Hariri, Bahiya. Porém os dois já teriam afirmado que não pretendem integrar um governo provisório. Pela lei libanesa, o premiê precisa ser obrigatoriamente um muçulmano sunita.
Já Bush elogiou nos EUA o encontro do chanceler da França, Michel Barnier, com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, em Londres.
"Os dois disseram claramente para a Síria: "Vocês [sírios] devem retirar as suas tropas e os seus serviços de segurança do Líbano, permitindo assim que a democracia tenha uma chance de florescer'", afirmou o presidente.
O Exército da Síria mantém cerca de 14 mil soldados no Líbano, a maior parte deles na região do vale do Bekaa, na estrada que liga Beirute a Damasco.


Com agências internacionais


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