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Bush negocia plano de consórcio nuclear
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
O presidente George W. Bush
lançou neste ano um ousado plano para controle e desenvolvimento de energia nuclear e vem
trabalhando nos bastidores com
líderes de outras nações ricas para
sua concretização. O pleno prevê
a criação de uma espécie de "reator nanico" para geração de energia, voltado para países em desenvolvimento, e pesquisa para atingir um nível de excelência na reciclagem de dejetos radioativos.
Mas, se a idéia foi bem recebida
por Reino Unido, Rússia, França,
China e Turquia, o mesmo não
pode se dizer do Brasil.
Chamado de Parceria Global de
Energia Nuclear (GNEP, na sigla
em inglês), o projeto consiste na
criação de um consórcio de países
para o desenvolvimento de tecnologia segura e renovável -sem o
descarte de plutônio-, afastando
a possibilidade de que países participantes se voltem para a montagem de bombas atômicas.
O Departamento da Energia
dispõe de US$ 250 milhões no Orçamento deste ano para a pesquisa em reciclagem de lixo radioativo e outras etapas.
O objetivo do programa é tornar mais seguro o uso de energia
nuclear em um cenário pós-11 de
Setembro, quando nações vistas
como perigosas por Washington,
como o Irã, insistem em desenvolver seus programas próprios.
A alternativa sugerida pela Casa
Branca é vender "reatores nanicos", uma versão menor e fechada
de um reator nuclear, já prontos
para esses países.
As conversas com o governo
brasileiro ainda não começaram,
mas o assunto vem sendo monitorado de perto pelo Planalto. Em
resumo, incomoda Brasília a possibilidade de controle sobre o conhecimento de algumas etapas de
pesquisa nuclear.
À Folha o secretário de imprensa do Departamento da Energia,
Craig Stevens, disse que o país está ansioso para trabalhar com o
Brasil. "Estamos ansiosos para
discutir essa parceria com os líderes do Brasil. O departamento
acredita que o Brasil possa ser um
parceiro no esforço da GNEP,
particularmente no desenvolvimento de tecnologia avançada de
reatores nucleares", afirmou.
Duas classes de países
Segundo Clay Sell, subsecretário
de Energia, a parceria proposta
pelos EUA resultaria numa divisão dos países em "fornecedores"
e "usuários" da tecnologia nuclear. No primeiro grupo, entrariam os próprios EUA e as nações
que detêm maior conhecimento
na área.
Os "usuários" seriam as nações
mais pobres, que precisam de
fontes de energia sustentáveis para impulsionar o crescimento
econômico. Elas receberiam apenas os "reatores nanicos" e seu
combustível, enviados pelos países fornecedores.
Os dejetos produzidos pela geração de energia nos países usuários seriam reciclados pelos países
fornecedores. Em vez de projetos
para a construção de usinas nucleares em países mais pobres e,
conseqüentemente, mais instáveis ou com menor controle de segurança, os EUA oferecem o reator já pronto.
Responsável pela Subsecretaria
de Controle de Armas e Segurança Internacional do Departamento de Estado, o embaixador Robert Joseph vem intensificando os
contatos com outros países ricos
para conseguir adeptos. Segundo
ele, o programa é voluntário.
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