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JOÃO PAULO 2º
Conclusão é de relatório preliminar de comissão parlamentar da Itália; Moscou classifica acusação de absurda
URSS mandou matar papa, diz CPI italiana
DA REDAÇÃO
Uma comissão do Parlamento
italiano concluiu "sem sombra de
dúvidas" que a União Soviética
esteve por trás do atentado que
quase matou o papa João Paulo
2º, em 13 de maio de 1981.
Em um relatório preliminar, a
comissão sustenta que o papa era
visto como um perigo para o bloco soviético devido a seu apoio ao
movimento Solidariedade, na Polônia, a terra natal do pontífice,
que morreu em 2005. O Solidariedade foi o primeiro sindicato livre
no Leste Europeu comunista.
Segundo o documento, Moscou
ficou alarmado porque "a Polônia
era a principal base militar do
Pacto de Varsóvia".
Alguns historiadores afirmam
que João Paulo 2º teve um papel
fundamental em eventos que acabariam levando à queda do Muro
de Berlim, em 1989, e ao colapso
do comunismo.
"A comissão acredita, sem sombra de dúvidas, que os líderes da
União Soviética tenham tomado a
iniciativa de eliminar o papa Karol Wojtyla [João Paulo 2º]", afirma o relatório de 36 páginas.
"Eles transmitiram essa decisão
aos serviços secretos militares para que eles adotassem todas as
operações necessárias para cometer um crime de gravidade única,
sem paralelo nos tempos modernos", acrescenta o texto.
Caso a comissão aprove o relatório em sua versão final, o que
poderá ocorrer no próximo dia 7,
será a primeira vez que um órgão
oficial atribui culpa à extinta
União Soviética pelo caso.
O documento afirma ainda que
uma fotografia mostra que Serguei Antonov, um búlgaro absolvido de envolvimento na tentativa
de assassinato do papa, estava na
praça São Pedro quando o pontífice foi atingido pelo turco Mehmet Ali Agca. O turco foi preso
momentos depois de ter realizado
os quatro disparos.
O serviço secreto búlgaro estava
supostamente trabalhando para a
inteligência militar soviética, mas
a Justiça italiana concluiu que as
evidências eram insuficientes para vincular os búlgaros ao caso.
Agca mudou diversas vezes sua
versão sobre o atentado, e investigadores dizem que nunca ficou
claro para quem ele trabalhava.
Inicialmente, ele responsabilizou
os soviéticos.
"Absurdo"
A Bulgária e a Rússia negaram
ontem envolvimento no caso.
O porta-voz do Serviço de Inteligência Exterior da Rússia, Boris
Labusov, afirmou à agência de
notícias Interfax que "todas as
afirmações sobre qualquer tipo de
participação no atentado contra a
vida do papa de forças especiais
soviéticas, incluindo a inteligência externa, são completamente
absurdas".
Em 1991, o então presidente Mikhail Gorbatchov negou que tivesse havido alguma cumplicidade da KGB, o serviço secreto soviético, no caso. O relatório italiano aponta, porém, o envolvimento da inteligência militar soviética,
e não da KGB.
Na Bulgária, o porta-voz da
Chancelaria, Dimiter Tsanchev,
disse que o caso foi dado por encerrado por uma decisão judicial
em março de 1986 e lembrou comentários feitos pelo papa João
Paulo 2º durante sua visita ao
país, em maio de 2002.
"O papa disse, na época, que
nunca acreditou na conexão búlgara", disse Tsanchev.
Agca, hoje com 48 anos, cumpriu 19 anos de prisão em uma penitenciária italiana pelo atentado
contra o papa. Ele cumpre pena
hoje, na Turquia, pelo assassinato
do jornalista Abdi Ipekci e deverá
ser libertado em 2010.
A comissão italiana foi criada
originalmente para investigar a
infiltração da KGB na Itália durante a Guerra Fria, a chamada
Comissão Mitrokhin.
O presidente da comissão, senador Paolo Guzzanti (Força Itália,
de direita), afirmou ter decidido
investigar a tentativa de assassinato depois de João Paulo 2º ter
dito em um de seus livros que
"outra pessoa havia planejado,
outra pessoa havia encomendado" o crime.
Com agências internacionais
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