São Paulo, quarta-feira, 03 de abril de 2002 |
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TENSÃO NO ORIENTE MÉDIO Israelenses tomam o controle de Tulkarem, Jenin, Salfit e Belém e atacam o quartel-general do chefe da segurança palestina Israel reocupa quatro cidades palestinas
DA REDAÇÃO O Exército israelense redobrou ontem sua ofensiva sobre a Cisjordânia, tomando o controle de mais quatro cidades palestinas -Tulkarem, Jenin, Salfit e Belém. Pelo menos sete palestinos foram mortos em confrontos em Belém. Em Beitunia, próximo a Ramallah, cerca de 400 palestinos que estavam no quartel-general do coronel Jibril Rajoub, chefe dos serviços de segurança da Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia, renderam-se após tanques e helicópteros israelenses bombardearem o complexo. Em Belém, dezenas de palestinos armados entraram à força na Igreja da Natividade, local onde Jesus Cristo teria nascido, para pedir que os padres lhes dessem proteção contra os soldados israelenses que cercavam o santuário. Soldados israelenses fizeram buscas casa por casa atrás de militantes palestinos e armas, como parte da ação chamada pelo governo de Israel de "Operação Muro Protetor" -que tem por objetivo paralisar a onda de ataques contra civis israelenses. Um palestino morreu após ser parado em uma blitz em Baka al-Sharkiyeh, cidade palestina na fronteira de Israel com a Cisjordânia. Segundo o Exército de Israel, ele detonou explosivos presos ao corpo, que seriam utilizados em novo ataque suicida. Seria o sétimo ataque em sete dias. Outro palestino foi morto à noite, atingido por disparos israelenses perto da passagem de Erez, entre a faixa de Gaza e Israel, segundo autoridades palestinas. O homem, identificado como Mohammed Saleh, era membro do grupo armado da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), segundo pessoas próximas ao movimento. Blindados israelenses abriram fogo na madrugada de hoje (ontem à noite no Brasil) em Rafah, perto da fronteira com o Egito, e no campo de refugiados de Khan Yunes, na faixa de Gaza. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, disse que a ofensiva israelense deve durar entre três e quatro semanas. No entanto o primeiro-ministro Ariel Sharon afirmou que a operação não tem prazo definido. Cerca de 700 palestinos suspeitos foram capturados desde sexta-feira em Ramallah, segundo o Exército israelense. Os palestinos acusam Israel de utilizar a tática como punição coletiva. Hizbollah Em resposta a ataques de guerrilheiros da milícia libanesa Hizbollah a posições israelenses nas colinas do Golã, tomadas da Síria em 1967, Israel disparou ao menos seis mísseis na região das fazendas de Chebaa, no sul do Líbano. Os israelenses temem que o Hizbollah tente abrir uma segunda frente no norte do país -onde ficam as colinas e a fronteira com o Líbano. Israel pediu ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para alertar a Síria e o Líbano de que novos ataques do Hizbollah poderão trazer "consequências alarmantes" para a região. Cerco No final da tarde, a maioria dos cerca de 400 palestinos cercados no complexo de Jibril Rajoub em Beitunia se rendeu às tropas israelenses. O Exército disse que buscava cerca de 50 supostos militantes palestinos suspeitos de organizar atentados suicidas e ataques armados contra israelenses. Até a noite de ontem, não havia informações sobre vítimas. O ministro palestino da Informação, Yasser Abed Rabbo, disse que as pessoas no local haviam concordado em deixar que os soldados israelenses vasculhassem o complexo após obter garantias de que não seriam machucadas, em um acordo mediado por diplomatas americanos e europeus. Rajoub, que escapou do complexo antes de os soldados e tanques israelenses o cercarem e bombardearem, negou o suposto acordo para a rendição. "Eles saíram por sua própria vontade, porque ficaram sem comida e sem munição. Não restava mais uma única bala nem uma simples garrafa de água", disse Rajoub. "Esperávamos que alguém interviesse, mas ninguém interveio." Segundo testemunhas, a maior parte do complexo foi queimada. Os telhados tinham grandes grandes buracos provocados provavelmente por balas de canhão. Com agências internacionais Próximo Texto: Documentos ligam Arafat a terror, diz Israel Índice |
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