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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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ATAQUE DO IMPÉRIO

14º DIA

Em pronunciamento, Iraque nega perda de território e derrota de seus homens em combate

EUA dizem que já têm tropas a 30 km de Bagdá

Kyodo/Reuters
Forças da 3ª Divisão de Infantaria lançam mísseis contra tropas da Guarda Republicana na região de Karbala


DA REDAÇÃO

Cerca de 30 km separavam ontem uma divisão das forças americanas da capital iraquiana, Bagdá, segundo o Pentágono. Os EUA teriam avançado após derrotarem duas divisões da Guarda Republicana, a elite militar do Exército de Saddam Hussein, em Karbala (na região centro-sul do Iraque). O Iraque negou o avanço e a derrota em combate.
A investida estaria sendo liderada por membros de esquadrão do 7º Regimento de Cavalaria, unidade que encabeça a 3º Divisão de Infantaria do Exército americano.
"Nossos rapazes já vêem Bagdá no horizonte. É o mais perto que já chegamos", disse reservadamente um oficial dos EUA.
Segundo os americanos, ao final de dois dias de combates com a Guarda Republicana, a 3ª Divisão teria dominado Karbala, o que permitiu às tropas cruzarem o rio Eufrates, o principal obstáculo natural na rota para Bagdá.
Ao mesmo tempo, os marines teriam aberto uma segunda rota para a tomada da capital iraquiana ao assumirem em Kut (160 km a leste de Karbala) o controle de uma ponte sobre um canal que estaria ligado ao rio Tigre. Partindo de Kut, os marines estariam a não mais que 50 km de Bagdá.
O governo dos EUA sustentou que a 1ª Força Expedicionária dos Fuzileiros Navais (marines) ""destruiu" a Divisão Bagdá -uma das seis divisões da Guarda Republicana- nos enfrentamentos em Kut. A Divisão Medina, encarregada de proteger Karbala, teria sido drasticamente reduzida. "Poderia dizer que as divisões Medina e Bagdá já não são forças críveis", afirmou o general Stanley McChrystal, vice-diretor de operações do Estado-Maior.
Mas McChrystal fez ressalvas quanto à duração do conflito por Bagdá: "Planejamos uma batalha muito difícil pela frente".
Em Bagdá, o governo iraquiano negou que os norte-americanos tivessem cruzado o rio Tigre ou eliminado a divisão Bagdá.
Pela estratégia delineada, os americanos avançariam à capital por duas direções: sudeste (via Kut) e sudoeste (por Karbala).
"A adaga está claramente apontada contra o coração do regime de Bagdá. E permanecerá apontada até que o regime iraquiano seja removido", afirmou, no Qatar, o porta-voz do comando militar dos EUA, general Vincent Brooks, ao comentar o avanço das tropas.
Mantendo sua retórica de guerra, Brooks afirmou que a "adaga permanece firmemente em suas mãos [da coalizão] e bem controlada. Quando chegar o tempo de ser usada, ela será usada".
As autoridades americanas declararam temer que os iraquianos utilizem armas químicas, uma vez que forças da coalizão já operam dentro da chamada "linha vermelha" (o círculo de defesa de Bagdá). Desde o início da guerra, a coalizão tenta provar a existência dessas armas no Iraque, razão alegada para invadir o país.
O comando militar anunciou ter encontrado dois mísseis Al Samoud em uma área agrícola nas cercanias de Hilla (sul de Bagdá). Antes do início do confronto, inspetores da ONU haviam encontrado e obrigado o Iraque a destruir alguns desses mísseis.
Mísseis supostamente dos EUA atingiram ontem uma maternidade em Bagdá. Segundo testemunhas, ao menos 25 pessoas ficaram feridas -o número de mortos é incerto. Em Najaf, uma das cidades sagradas dos xiitas, forças americanas travaram combates contra soldados de Saddam. Os EUA disseram que os iraquianos tomaram postos na mesquita de Ali (templo sagrado dos xiitas) para disparar e que não revidariam para evitar danos ao local. Aviões B-52 bombardearam posições iraquianas em uma linha entre Mossul (norte) e a região autônoma controlada pelos curdos. Guerrilheiros curdos mantiveram incursões no território iraquiano. Em Basra (sul), forças iraquianas sofreram intenso bombardeio.
Colin Powell, secretário de Estado dos EUA, anunciou na Turquia ter chegado a um acordo para usar o território turco para enviar suprimentos a tropas americanas no norte do Iraque.

Com agências internacionais

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