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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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TERRITÓRIO OCUPADO

Tropas dos EUA entram na cidade, mas população quer saber se elas vão ficar

Civis de Najaf saúdam americanos

JIM DWYER
DO THE NEW YORK TIMES, EM NAJAF

Centenas de soldados norte-americanos entraram na cidade de Najaf ao meio-dia de hoje [ontem], e foram recebidos com cumprimentos dos moradores.
A infantaria contava com o apoio de helicópteros de ataque e bombardeiros, e imediatamente destruiu diversos depósitos de armas e assumiu o controle de uma instalação de treinamento militar para servir de quartel-general à sua unidade.
As forças de ocupação, da 1ª e da 2ª Brigada da 101ª Divisão Aerotransportada, entraram na cidade pelo sul e pelo norte. Os soldados haviam tomado o perímetro urbano anteontem.
As pessoas correram para cumprimentar os soldados norte-americanos, gritando repetidamente: "Obrigado, isso é lindo!"

Experiência prévia
Duas questões dominavam a multidão que se formou do lado de fora de um antigo depósito de munições do partido Baath: "Vocês ficarão?", queria saber Kase, um engenheiro civil que preferiu não informar seu sobrenome. Outro homem, Heider, pediu que "alguém me diga a hora em que Saddam Hussein estará terminado, por favor".
Um líder xiita (ramo muçulmano majoritário no Iraque), o aiatolá Ali Alsestani, que ao que se sabe esteve em prisão domiciliar por mais de uma década, foi libertado depois que seus guardas fugiram, com a entrada dos norte-americanos em Najaf.
O tenente-coronel Chris Hughes disse que estava conversando com um enviado do religioso sobre os arranjos de governo da cidade, agora que o partido Baath foi erradicado. O líder religioso anunciou que responderia na quinta-feira.
Tropas do Exército dos Estados Unidos cercaram a cidade na quinta-feira passada, depois de tomarem o controle de três pontes sobre o rio Eufrates em furiosos combates com as forças leais a Saddam Hussein.
Mas os norte-americanos ainda não controlavam toda a cidade hoje. Houve informações, no rádio, de que forças paramilitares tinham cerca de 20 reféns civis em outra parte de Najaf.
Entre os soldados que entraram na cidade está Kadhim al-Waeli, 30, que diz ter fugido da cidade em 23 de março de 1991, depois da primeira guerra do golfo Pérsico, quando um levante xiita foi brutalmente suprimido pelo regime de Hussein. O encorajamento norte-americano à revolta não passou das palavras, então. Ele é membro do que descreveu como forças iraquianas livres sob o comando de uma unidade de assuntos civis do exército norte-americano.

Pão
"Fiquei feliz por voltar, e ver um sujeito com um pão sírio na rua", disse Al-Waeli. "Ele me deu um pedaço; deu pão de graça a mim e a outros soldados. Disse que vocês são como eles".
Al-Waeli disse que o aiatolá Alsestani estava sendo cauteloso quanto a apoiar os norte-americanos, devido à incerteza quanto à posição dos xiitas locais sobre esse apoio.
Mas disse também que os xiitas locais estavam preocupados quanto à possibilidade de que os norte-americanos não garantissem a paz, e que queriam saber "se vocês vão ficar aqui ou vão nos deixar".
As tropas norte-americanas descobriram que as forças para militares e do partido Baath, antes de fugir, haviam plantado minas em estradas e pontes nas saídas da cidade. Tarde na noite de hoje, uma equipe de engenharia norte-americana estava limpando o terceiro desses campos, que continha 30 minas, detonando-as com explosivo plástico.
O tenente-coronel Duke DeLuca, apontando que as minas haviam sido fabricadas na Itália, disse que "os europeus são antiguerra, mas pró-comércio".


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