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ANÁLISE
Aproximação de Bagdá é mais lenta que teria sido possível se os americanos tivessem mais tropas
Avanço "metódico" expõe erro dos EUA
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O erro americano de não atacar
com forças bem mais poderosas
está ficando claro agora que suas
tropas estão próximas de Bagdá.
Em vez da continuação de um
avanço rápido, decisivo e esmagador, estão sendo feitos metódicos
ataques às unidades da defesa iraquiana, uma de cada vez. A maioria dos analistas prevê a tomada
de Bagdá em semanas, não em
dias, a não ser que haja um colapso repentino -e imprevisível-
da defesa.
A agência de notícias Reuters,
por exemplo, ouviu 25 especialista em defesa e em Oriente Médio,
19 dos quais deram estimativas
entre duas semanas a seis meses
para a tomada da capital do Iraque. Os outros seis preferiram
não se comprometer com prazos.
A maioria prevê ainda de quatro a
oito semanas de combate.
Uma "doutrina" militar é um
conjunto de idéias aceitas pelos
militares sobre como combater
em uma guerra. A doutrina do
ataque pode até ser o "Choque e
Pavor" defendido pelo secretário
da Defesa Donald Rumsfeld.
Mas, neste momento, está havendo uma adaptação, na prática,
à doutrina rival da "Força Decisiva" -mas sem o poderio esmagador que esta preconiza.
A única esperança de a guerra
acabar rápido, em questão de
dias, seria um colapso repentino
das forças iraquianas, em função
do bombardeio de 24 horas a que
estão sujeitas. Mas mesmo tropas
de qualidade inferior podem resistir por muito tempo, se estiverem bem abrigadas -ou se a opção for entre combater ou o fuzilamento por deserção.
Não teria havido uma pausa das
forças terrestres dos EUA se houvesse mais divisões para se revezarem no combate e poderem
manter pressão constante sobre o
inimigo.
Hoje o processo de "degradação" do poder de combate iraquiano em curso envolveria ataques terrestres simultâneos a todas as divisões da Guarda Republicana de Saddam Hussein, e não
apenas duas às que estão em contato direto com a 3ª Divisão de Infantaria Mecanizada e os fuzileiros navais (marines).
Chega um ponto em que uma
unidade militar simplesmente diz
"chega" e se rende ou foge. Foi o
que aconteceu com o Taleban em
2001, era o que acontecia com as
vítimas da Blitzkrieg, a "guerra relâmpago" alemã que conquistou
boa parte da Europa na Segunda
Guerra.
"Choque e Pavor" soa como
uma Blitzkrieg requentada. O alvo principal não é a tropa no terreno, mas sim a liderança e o sistema de comando inimigos.
O resultado seria a paralisia de
toda a defesa; soldados inimigos
cercados se renderiam em grande
quantidade. Na prática, também é
preciso destruir parte desses soldados no terreno.
Mesmo a Blitzkrieg alemã só
funcionou a contento nos primeiros anos da guerra. Depois seus
inimigos aprenderam como contê-la, criando uma situação em
que ganha o lado que mata mais
gente, mais rápido -uma situação de "atrito", no jargão militar.
Para evitar que os iraquianos
"atritados" escapem entrando em
Bagdá, é possível que os EUA
usem suas forças mais móveis
(como a 101ª Divisão Aerotransportada) para bloquear sua retirada.
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