São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2007

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Sem Kirchner, Argentina marca 25 anos da Guerra das Malvinas

Em Ushuaia, vice comanda homenagem a veteranos e mortos no conflito com britânicos; para analistas, presidente quis evitar protestos de professores

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

Sem nenhuma aparição do presidente Néstor Kirchner, a Argentina lembrou ontem com atos em diversos pontos do país os 25 anos do início da Guerra das Malvinas. Na praça San Martin, em Buenos Aires, houve até queima de bandeiras do Reino Unido e dos EUA por alguns integrantes encapuzados do movimento ultranacionalista de esquerda Quebracho.
No bairro portenho do Retiro foram feitas pichações na Torre dos Ingleses, depredada há exatos 25 anos. O monumento fora um presente da comunidade britânica quase 70 anos antes do conflito.
"Nem a guerra nem o tempo podem alterar a realidade. As Malvinas são argentinas", afirmou o vice-presidente Daniel Scioli, que comandou ontem o evento oficial em homenagem a mortos e veteranos na cidade de Ushuaia, capital da Província da Terra do Fogo -da qual, para os argentinos, as ilhas fazem parte. Cerca de 300 veteranos participaram.
Políticos de oposição afirmaram que Kirchner faltou à cerimônia para evitar protestos de professores de escolas públicas da região da Patagônia, extremo sul do país, em greve por melhorias salariais. Na Província do presidente, Santa Cruz, um bispo católico encabeçou as manifestações dos docentes.
Em ano eleitoral, Kirchner chamou toda a atenção possível para a reivindicação pelas ilhas, razão pela qual era esperado um discurso duro do presidente. Segundo analistas, porém, um protesto nesta data pesaria mais do que a falta do discurso.
Segundo disse antes o chanceler Jorge Taiana, a Argentina seguirá "firme" em sua reivindicação, mas manterá a via diplomática, reforçando a ação já existente em organismos internacionais como a ONU e a OEA (Organização dos Estados Americanos).
Em 2 de abril de 1982, uma operação militar argentina pôs em marcha uma tentativa de "reconquistar" as ilhas, sob poder britânico desde 1833. Anteontem e ontem, nas ilhas, os moradores, de origem britânica, recordaram a resistência.

Veteranos
Ex-combatentes também se manifestaram nas praças de Maio e San Martin, em Buenos Aires, e em várias cidades argentinas. Os veteranos reclamaram por um serviço de atendimento psiquiátrico. Pesquisa realizada com 200 veteranos da cidade de Lanús, na Grande Buenos Aires, mostrou que 40% tentaram se suicidar ao menos uma vez, que quase a metade já teve problemas de alcoolismo, 80% têm problemas para dormir e 60% já sentiram que estariam melhor mortos.


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