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Sem Kirchner, Argentina marca 25 anos da Guerra das Malvinas
Em Ushuaia, vice comanda homenagem a veteranos e mortos no conflito com britânicos; para analistas, presidente quis evitar protestos de professores
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
Sem nenhuma aparição do
presidente Néstor Kirchner, a
Argentina lembrou ontem com
atos em diversos pontos do país
os 25 anos do início da Guerra
das Malvinas. Na praça San
Martin, em Buenos Aires, houve até queima de bandeiras do
Reino Unido e dos EUA por alguns integrantes encapuzados
do movimento ultranacionalista de esquerda Quebracho.
No bairro portenho do Retiro
foram feitas pichações na Torre
dos Ingleses, depredada há exatos 25 anos. O monumento fora
um presente da comunidade
britânica quase 70 anos antes
do conflito.
"Nem a guerra nem o tempo
podem alterar a realidade. As
Malvinas são argentinas", afirmou o vice-presidente Daniel
Scioli, que comandou ontem o
evento oficial em homenagem
a mortos e veteranos na cidade
de Ushuaia, capital da Província da Terra do Fogo -da qual,
para os argentinos, as ilhas fazem parte. Cerca de 300 veteranos participaram.
Políticos de oposição afirmaram que Kirchner faltou à cerimônia para evitar protestos de
professores de escolas públicas
da região da Patagônia, extremo sul do país, em greve por
melhorias salariais. Na Província do presidente, Santa Cruz,
um bispo católico encabeçou as
manifestações dos docentes.
Em ano eleitoral, Kirchner
chamou toda a atenção possível
para a reivindicação pelas ilhas,
razão pela qual era esperado
um discurso duro do presidente. Segundo analistas, porém,
um protesto nesta data pesaria
mais do que a falta do discurso.
Segundo disse antes o chanceler Jorge Taiana, a Argentina
seguirá "firme" em sua reivindicação, mas manterá a via diplomática, reforçando a ação já
existente em organismos internacionais como a ONU e a OEA
(Organização dos Estados
Americanos).
Em 2 de abril de 1982, uma
operação militar argentina pôs
em marcha uma tentativa de
"reconquistar" as ilhas, sob poder britânico desde 1833. Anteontem e ontem, nas ilhas, os
moradores, de origem britânica, recordaram a resistência.
Veteranos
Ex-combatentes também se
manifestaram nas praças de
Maio e San Martin, em Buenos
Aires, e em várias cidades argentinas. Os veteranos reclamaram por um serviço de atendimento psiquiátrico. Pesquisa
realizada com 200 veteranos da
cidade de Lanús, na Grande
Buenos Aires, mostrou que
40% tentaram se suicidar ao
menos uma vez, que quase a
metade já teve problemas de alcoolismo, 80% têm problemas
para dormir e 60% já sentiram
que estariam melhor mortos.
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