|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VITÓRIA POLÍTICA
Presidente dos EUA sai fortalecido após arquivamento das acusações de Paula Jones, que promete recorrer
Clinton celebra fim do caso de assédio sexual
ALESSANDRA BLANCO
de Nova York
O presidente dos EUA, Bill Clinton, comemorou ontem reservadamente o arquivamento do caso
Paula Jones, em que era acusado
de assédio sexual. "Obviamente
me sinto aliviado. A decisão da juíza fala por si só. Mas a coisa mais
importante é que eu posso voltar
agora e continuar o trabalho que
eu estava fazendo", disse o presidente em sua viagem pela África.
A primeira-dama Hillary Clinton foi mais enfática: "Bill e eu havíamos sentido que, no meio disso
tudo, o fogo seria apagado baseado no fato de que não havia evidências para apoiar as acusações".
Uma pesquisa realizada em conjunto pela CNN, "USA Today" e
Instituto Gallup na noite de quarta-feira mostrou que 67% dos entrevistados acreditam que as investigações sobre assédio sexual
do presidente devem acabar. Para
63%, a juíza Susan Webber Wright
tomou a decisão certa arquivando
o caso. A popularidade de Clinton
chegou à faixa de 67%.
De acordo com a pesquisa, 58%
dos norte-americanos acreditam
que houve alguma coisa entre
Clinton e Jones, mas 48% não
acreditam em assédio sexual.
Jones diz que Clinton, então governador de Arkansas, pediu para
que ela fizesse sexo oral em 1991,
durante um congresso em um hotel em Little Rock.
A juíza Wright considerou que
não havia provas suficientes de assédio e disse que, mesmo que o
presidente tenha sido "grosseiro e
ofensivo", ainda assim não teria
praticado crime algum.
Segundo a porta-voz de Paula
Jones, Susan Carpenter McMillan,
a decisão vai provocar "a abertura
da temporada de mulheres sendo
apalpadas e agarradas". Os advogados de Jones vão recorrer.
O promotor independente Kenneth Starr, que investiga o caso
Monica Lewinsky, voltou a dizer
ontem que o fim do caso Jones não
influi em nada em seu trabalho.
"Nós temos um trabalho a fazer,
um trabalho legal, não um trabalho político. Fatos e leis, é com isso
que nós lidamos", disse.
No caso, Clinton é acusado de
ter mantido relações com Lewinsky, ex-estagiária da Casa
Branca, e ter pedido a ela para que
mentisse na Justiça a esse respeito.
O analista político e advogado
Steve McMahon disse ontem à Folha, de Washington, que a decisão
deve sim influenciar as investigações do caso Monica Lewinsky. Segundo ele, legalmente, são duas
coisas separadas, mas, "na mente
do público, são a mesma coisa".
"Jones vai apelar, Starr vai continuar suas investigações, mas tudo agora está bem mais enfraquecido. Não há dúvida de que, hoje,
Clinton é um vitorioso. Um processo de impeachment é uma coisa
provável apenas porque é um recurso, mas ninguém mais acredita
que isso vá acontecer", disse.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|