São Paulo, sexta, 3 de abril de 1998

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VITÓRIA POLÍTICA
Presidente dos EUA sai fortalecido após arquivamento das acusações de Paula Jones, que promete recorrer
Clinton celebra fim do caso de assédio sexual

ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

O presidente dos EUA, Bill Clinton, comemorou ontem reservadamente o arquivamento do caso Paula Jones, em que era acusado de assédio sexual. "Obviamente me sinto aliviado. A decisão da juíza fala por si só. Mas a coisa mais importante é que eu posso voltar agora e continuar o trabalho que eu estava fazendo", disse o presidente em sua viagem pela África.
A primeira-dama Hillary Clinton foi mais enfática: "Bill e eu havíamos sentido que, no meio disso tudo, o fogo seria apagado baseado no fato de que não havia evidências para apoiar as acusações".
Uma pesquisa realizada em conjunto pela CNN, "USA Today" e Instituto Gallup na noite de quarta-feira mostrou que 67% dos entrevistados acreditam que as investigações sobre assédio sexual do presidente devem acabar. Para 63%, a juíza Susan Webber Wright tomou a decisão certa arquivando o caso. A popularidade de Clinton chegou à faixa de 67%.
De acordo com a pesquisa, 58% dos norte-americanos acreditam que houve alguma coisa entre Clinton e Jones, mas 48% não acreditam em assédio sexual.
Jones diz que Clinton, então governador de Arkansas, pediu para que ela fizesse sexo oral em 1991, durante um congresso em um hotel em Little Rock.
A juíza Wright considerou que não havia provas suficientes de assédio e disse que, mesmo que o presidente tenha sido "grosseiro e ofensivo", ainda assim não teria praticado crime algum.
Segundo a porta-voz de Paula Jones, Susan Carpenter McMillan, a decisão vai provocar "a abertura da temporada de mulheres sendo apalpadas e agarradas". Os advogados de Jones vão recorrer.
O promotor independente Kenneth Starr, que investiga o caso Monica Lewinsky, voltou a dizer ontem que o fim do caso Jones não influi em nada em seu trabalho.
"Nós temos um trabalho a fazer, um trabalho legal, não um trabalho político. Fatos e leis, é com isso que nós lidamos", disse.
No caso, Clinton é acusado de ter mantido relações com Lewinsky, ex-estagiária da Casa Branca, e ter pedido a ela para que mentisse na Justiça a esse respeito.
O analista político e advogado Steve McMahon disse ontem à Folha, de Washington, que a decisão deve sim influenciar as investigações do caso Monica Lewinsky. Segundo ele, legalmente, são duas coisas separadas, mas, "na mente do público, são a mesma coisa".
"Jones vai apelar, Starr vai continuar suas investigações, mas tudo agora está bem mais enfraquecido. Não há dúvida de que, hoje, Clinton é um vitorioso. Um processo de impeachment é uma coisa provável apenas porque é um recurso, mas ninguém mais acredita que isso vá acontecer", disse.



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