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Insulza cobra defesa da unidade boliviana
DA REDAÇÃO
O Conselho Permanente da
Organização dos Estados Americanos (OEA) estava reunido
ontem em Washington, em encontro extraordinário, para
formular uma resolução sobre
o referendo autonômico do departamento boliviano de Santa
Cruz, que ocorre amanhã à revelia da Justiça e de La Paz.
Até o fechamento desta edição, não havia texto de consenso. Segundo a agência Ansa, a
Aladi (Associação Latino-americana de Integração), formada
por países da América do Sul e
México, apresentou uma resolução na qual apóia a posição de
Morales, de não reconhecer o
referendo cruzenho, mas os
EUA não concordaram.
Antes, mesmo sem posição
fechada, o secretário-geral da
OEA, José Miguel Insulza, cobrou que os países da região
apóiem a "unidade territorial"
da Bolívia. O mesmo pedido havia sido feito pelo Grupo do Rio
nesta semana.
Os líderes de Santa Cruz dizem que a consulta é forma de
fazer valer a posição do departamento boliviano, que julgam
ter sido ignorada no texto da
nova Constituição aprovado
em 2007 (e que ainda deve ir a
referendo, sem data marcada,
para vigorar). Eles acusam os
dois organismos de só ecoarem
as acusações de "separatismo"
do presidente Evo Morales.
Os governos da Venezuela e
do Equador, aliados de La Paz,
também condenam a consulta
e formam coro com Morales ao
acusar os EUA de apoiarem o
divisionismo cruzenho.
Anteontem, Thomas Shannon, secretário de Estado assistente dos EUA para o Hemisfério Ocidental, afirmou que os
EUA também defendem a integridade territorial da Bolívia,
mas, "ao mesmo tempo", são "a
favor da expressão, de maneira
democrática, dos interesses
dos diferentes grupos e setores". Para Shannon, há na Bolívia "um conflito político que
tem suas origens, antes de mais
nada, na tentativa de desenvolver uma nova Constituição".
Já os integrantes do neonato
grupo de amigos da Bolívia
(Brasil, Argentina e Colômbia),
que tenta mediar o diálogo entre a oposição e o governo, falam, como Shannon, de respeito a visões de diferentes grupos
do país, embora sempre frisem
o respaldo ao governo Morales.
De todo modo, declarações
de diplomatas sugerem que os
países não aceitariam regras
unilateralmente aprovadas por
Santa Cruz. Isto significa um
obstáculo para as ambições do
departamento, que pretende
legislar sobre terras (as maiores propriedades estão lá, com
forte presença brasileira), gás e
petróleo (abriga as sedes das
multinacionais, inclusive a Petrobras) e tarifas alfandegárias.
Com agências internacionais
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