São Paulo, sábado, 03 de maio de 2008

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Insulza cobra defesa da unidade boliviana

DA REDAÇÃO

O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) estava reunido ontem em Washington, em encontro extraordinário, para formular uma resolução sobre o referendo autonômico do departamento boliviano de Santa Cruz, que ocorre amanhã à revelia da Justiça e de La Paz.
Até o fechamento desta edição, não havia texto de consenso. Segundo a agência Ansa, a Aladi (Associação Latino-americana de Integração), formada por países da América do Sul e México, apresentou uma resolução na qual apóia a posição de Morales, de não reconhecer o referendo cruzenho, mas os EUA não concordaram.
Antes, mesmo sem posição fechada, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, cobrou que os países da região apóiem a "unidade territorial" da Bolívia. O mesmo pedido havia sido feito pelo Grupo do Rio nesta semana.
Os líderes de Santa Cruz dizem que a consulta é forma de fazer valer a posição do departamento boliviano, que julgam ter sido ignorada no texto da nova Constituição aprovado em 2007 (e que ainda deve ir a referendo, sem data marcada, para vigorar). Eles acusam os dois organismos de só ecoarem as acusações de "separatismo" do presidente Evo Morales.
Os governos da Venezuela e do Equador, aliados de La Paz, também condenam a consulta e formam coro com Morales ao acusar os EUA de apoiarem o divisionismo cruzenho.
Anteontem, Thomas Shannon, secretário de Estado assistente dos EUA para o Hemisfério Ocidental, afirmou que os EUA também defendem a integridade territorial da Bolívia, mas, "ao mesmo tempo", são "a favor da expressão, de maneira democrática, dos interesses dos diferentes grupos e setores". Para Shannon, há na Bolívia "um conflito político que tem suas origens, antes de mais nada, na tentativa de desenvolver uma nova Constituição".
Já os integrantes do neonato grupo de amigos da Bolívia (Brasil, Argentina e Colômbia), que tenta mediar o diálogo entre a oposição e o governo, falam, como Shannon, de respeito a visões de diferentes grupos do país, embora sempre frisem o respaldo ao governo Morales.
De todo modo, declarações de diplomatas sugerem que os países não aceitariam regras unilateralmente aprovadas por Santa Cruz. Isto significa um obstáculo para as ambições do departamento, que pretende legislar sobre terras (as maiores propriedades estão lá, com forte presença brasileira), gás e petróleo (abriga as sedes das multinacionais, inclusive a Petrobras) e tarifas alfandegárias.


Com agências internacionais


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