São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2011

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Síria é acusada de invasões e prisões sem ordem judicial

Só em Daraa, epicentro das revoltas, 450 jovens teriam sido detidos; ditadura nega e diz que buscava "terroristas"

Estima-se que ao menos 560 tenham morrido na repressão de Bashar Assad a protestos que começaram em março

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças de segurança do ditador da Síria, Bashar Assad, estão invadindo casas e prendendo centenas de pessoas sem mandado judicial em várias cidades do país, de acordo com ativistas e grupos de oposição ao regime.
A operação, que visa conter os protestos contra Assad iniciados em meados de março, ocorre logo após a ocupação militar de Daraa, um dos epicentros da revolta contra a ditadura, no sul da Síria.
Em entrevista à agência Reuters, o ativista Ammar Qurabi afirmou que as forças do ditador estão fazendo prisões arbitrárias com base em listas de oposicionistas: "Nós não sabemos quais são as acusações. Ninguém sabe".
Testemunhas afirmam que, só em Daraa, forças de segurança retiraram de suas casas 450 homens com menos de 40 anos. Além disso, dois caminhões teriam recolhido os corpos de 68 pessoas mortas na cidade desde que o Exército a invadiu com tanques, na semana passada.
A agência de notícias Sana, estatal, alega que unidades do Exército fizeram uma operação de busca a "terroristas que ameaçavam civis" em Daraa, o que resultou em dez mortes e cerca de 500 detenções. Dois membros das forças do governo também morreram, disse a agência.
O regime afirmou ainda ter matado cinco atiradores; líderes dos protestos negam o uso de armas. Há relatos de que ativistas pró-democracia foram presos também nas cidades de Qamishli e Raqqa, no leste do país, e na periferia de Damasco, capital síria.
A censura imposta pela ditadura de Assad à imprensa estrangeira dificulta a verificação independente dos conflitos e do total de mortos.

PROTESTOS SEGUEM
Apesar das prisões e da escalada de violência contra os manifestantes, que já deixou ao menos 560 mortos desde o início da revolta, protestos foram registrados ontem e anteontem em toda a Síria.
Em Homs, milhares de pessoas marcharam anteontem gritando slogans contra o regime. Em Rastan, no norte do país, houve protesto durante o funeral de 17 homens mortos quando forças governistas atiraram contra manifestantes, na última sexta.
Bashar Assad governa o país desde 2000, após ter herdado o posto de seu pai, Hafez, ditador desde 1971. O partido dos dois, Baath, está no poder desde 1963. A repressão aumentou depois que o ditador anunciou o fim do estado de emergência, há cerca de duas semanas.
A rede de TV Al Jazeera pediu à Síria informações imediatas sobre o paradeiro da jornalista Dorothy Parvaz, 39, desaparecida desde sexta, quando deixou o Qatar e desembarcou em Damasco para cobrir os conflitos.


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