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VIOLÊNCIA NA INTERNET
Tirada do ar pela polícia, página de Eric Harris, que matou 13 e se suicidou em colégio dos EUA, ganha réplicas
Site de atirador de Littleton prolifera na rede
MARCELO STAROBINAS
especial para a Folha
Retirado do ar pelo FBI, o conteúdo do web site de Eric Harris,
um dos dois autores do massacre
na escola Columbine, em Littleton,
Colorado (EUA), foi copiado e está
hoje exposto em pelo menos uma
dezena de lugares na Internet.
Os proprietários dessas páginas
se dizem "defensores da liberdade
de expressão". E reproduzem um
material de conteúdo explosivo:
um poema suicida, receitas de
bombas caseiras, desenhos e até
uma versão personalizada de um
jogo de computador violento.
No último dia 20, Harris, 18, e seu
colega de classe Dylan Klebold, 17
-que diziam pertencer à "máfia
do casaco"-, entraram na escola
armados com explosivos e rifles
semi-automáticos. Mataram 12
alunos e um professor. E se suicidaram depois.
Segundo as investigações, a dupla planejava matar mais de 500
pessoas -sonhavam em sequestrar um avião e jogá-lo sobre Nova
York. Trechos do site de Harris indicam que ele desejava fazer o
maior número de vítimas possível.
"Estilhaços, como pregos ou parafusos, são muito importantes se
você quer matar ou ferir um grande número de pessoas", afirma
Harris, no texto em que ensina a
fazer em casa bombas poderosas.
"Bombas de canos são um dos jeitos mais fáceis e mortais para matar um grupo de pessoas ou destruir algumas coisas."
Assim como os textos, as imagens de sua home page também retratam o que pareciam ser seus assuntos favoritos: armas e morte.
Uma página de caderno, com desenhos em que ele retrata homens
com armas de fogo e facas, caveiras
e um demônio, foi escaneada e circula hoje em sites e e-mails pela Internet.
O psiquiatra infantil Haim
Grunspun, que analisou o desenho
à pedido da Folha, diz que as figuras não revelam uma personalidade assassina ou suicida.
"O desenho é típico de um adolescente na atualidade. Facas, armas, ameaça de tiros, caveiras, são
os temas comuns", explica Grunspun. "Não vejo sinais de depressão
em nenhuma das figuras."
Mas a discussão sobre violência
juvenil e controle de armas suscitada no país pela tragédia de Littleton chegou à Internet. E muitas são
as críticas àqueles que seguem expondo o legado de Eric Harris.
Os internautas proprietários dos
"espelhos" do web site de Harris
dizem discordar da violência de
seu conteúdo. Mas defendem que
o material deve continuar a ser exibido on line.
Um deles, que utiliza o codnome
"moon692", conta que mantém
uma queda de braço com a Tripod
-empresa que oferece páginas de
Internet gratuitas- que já tirou
seu site do ar por três vezes.
"Até onde sei, não há conteúdo
ilegal neste site", afirma o internauta. "Se a Tripod desabilitar para sempre o site, será o fim da curta
vida desta página da "máfia do casaco'", reclama.
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