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IRAQUE OCUPADO
Em campanha por maior apoio iraquiano e internacional, presidente muda seu discurso sobre ocupação
Bush afirma "entender" os insurgentes
DA REDAÇÃO
"Nem todos os que combatem a
presença americana no Iraque são
terroristas", disse o presidente
dos EUA, George W. Bush, em entrevista a ser publicada hoje pela
"Paris Match". Após meses referindo-se aos insurgentes como
"bandidos e terroristas", Bush declarou à revista popular francesa
que consegue "entender" o sentimento dos que se opõem à ocupação -indício de que o discurso
americano foi revisado dentro da
iniciativa para melhorar a imagem do país entre os iraquianos.
"Nem todos são terroristas. Os
homens-bomba são, mas os demais combatentes não. Eles não
suportam a ocupação", disse
Bush. "É por isso que estamos
lhes dando de volta sua soberania", acrescentou, referindo-se à
transição que culmina dia 30 com
a posse do governo interino.
A entrevista precede a viagem
do presidente hoje à Europa, onde
deve dar continuidade à campanha para atrair maior apoio externo para as operações no Iraque.
Dentro dessa iniciativa, Londres e
Washington revisaram sua proposta de resolução na ONU, incluindo a expressão "soberania
total" (em oposição a "soberania
parcial") e a especificação de que
as forças multinacionais, comandadas pelos EUA, ficarão no país
"até a conclusão do processo político" -interpretada como a posse do governo eleito diretamente,
prevista para janeiro de 2006.
Mas os opositores da guerra
reagiram com renitência. "Embora seja uma boa base para discussão, ainda são necessárias novas
melhorias para confirmar a total
soberania do governo iraquiano,
sobretudo no escopo militar",
disse o presidente da França, Jacques Chirac. Rússia e Alemanha
emitiram parecer semelhante.
Moral versus violência
Já no front doméstico, o alvo do
governo é o moral das tropas, minado por constantes baixas e pelo
escândalo da tortura de iraquianos por soldados americanos.
Ontem o presidente voltou a discursar sobre o que classifica como
avanços no Iraque e no combate
ao terrorismo, traçando um paralelo com a missão americana na
Segunda Guerra Mundial.
"Assim como os eventos na Europa determinaram o desfecho da
Guerra Fria, os eventos no Oriente Médio determinarão o curso de
nossa luta presente", declarou
Bush a quase 30 mil militares na
Academia da Força Aérea, no Colorado. "Se essa região for deixada
para os ditadores e terroristas, será uma fonte constante de violência e alarme. Se houver democracia, prosperidade e esperança, o
movimento terrorista perderá patrocinadores, recrutas e as injustiças que o mantêm."
Mas o otimismo do discurso
contrastou com a tensão no Iraque, onde a explosão de dois carros-bomba deixou ao menos cinco mortos e 37 feridos na capital.
Outros quatro iraquianos morreram em confrontos entre as tropas dos EUA e a milícia do clérigo
radical xiita Moqtada al Sadr em
Kufa (sul), onde deveria vigorar
um acordo de cessar-fogo.
Comparações entre o atual conflito no Iraque, onde a violência
fugiu do controle dos EUA, e a
bem sucedida campanha americana na Segunda Guerra têm sido
freqüentes pelo governo, que usa
uma data histórica para incentivar seus soldados. Domingo será
comemorado o 60º aniversário do
Dia D, quando as tropas aliadas
desembarcaram na Normandia
(França) e avançaram para derrubar as forças alemãs.
Chalabi
Ahmed Chalabi, um dos membros do extinto Conselho de Governo Iraquiano e antigo aliado
dos EUA, está sendo investigado
pelo FBI por ter passado informações secretas ao Irã. Segundo um
congressista americano que pediu
anonimato, Chalabi teria dito a
Teerã que Washington quebrou o
código de comunicação usado pelo serviço secreto iraniano.
Com agências internacionais
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