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ÁSIA
Caso de Satomi Mitarai, degolada por outra aluna dentro de escola primária, deflagra debate sobre "valor da vida" no país
Menina de 11 mata colega e choca Japão
NATALIE OBIKO PEARSON
DA ASSOCIATED PRESS, EM TÓQUIO
A polícia vasculhou e-mails,
examinou mensagens de celular e
investigou relatos sobre uma disputa no pátio de uma escola, anteontem, em busca da razão que
levou ao assassinato sangrento de
uma menina de 12 anos, por uma
colega de classe, no sul do Japão.
Enquanto isso, autoridades
educacionais, chocadas, pediram
aos professores que revissem os
currículos escolares, para dar ênfase maior ao ensino da compaixão e do respeito pela vida.
"É uma tragédia terrível que um
incidente como esse tenha ocorrido dentro de uma escola. Eu gostaria de pedir a todos que tomem
medidas adicionais para assegurar que algo assim nunca volte a
acontecer", disse um representante do Ministério da Educação,
Yasunao Seki, numa reunião convocada por educadores.
Algumas escolas anunciaram
que vão realizar inspeções em salas de aula e trancar instrumentos
afiados. Hidehito Komori, diretor
de uma escola primária ao norte
de Tóquio, declarou: "Estamos
revendo a maneira como ensinamos às crianças sobre a preciosidade da vida humana".
Na terça-feira, a suposta assassina, uma menina de 11 anos, levou
Satomi Mitarai a uma sala de aula
vazia na hora do recreio, decepou
seu pescoço e seus braços com um
estilete e a deixou sangrar até
morrer. O diretor da escola, Eiko
Desaki, contou que uma professora encontrou o corpo ensangüentado de Mitarai numa sala de
aula do terceiro andar depois de a
suspeita ter voltado para baixo suja de sangue.
Um dos investigadores que trabalham no caso, Masanori Nakamura, contou a jornalistas que os
pais da suspeita estão chocados
com os atos de sua filha. "Os pais
disseram que não tiveram trabalho em sua criação, que suas notas
são boas e que ela é uma menina
confiável e esforçada", disse ele.
A polícia investiga a possibilidade de o crime ter sido motivado
por uma briga das duas meninas
pela internet. A imprensa mencionou uma amizade que, de repente, deu errado. As duas meninas eram colegas de classe que se
comunicavam constantemente
por e-mails. Uma deixava mensagens na home page da outra.
De acordo com o site do jornal
"Asahi Shimbun", a suposta assassina teria dito aos investigadores: "Não achei graça do que ela
escreveu na home page, então a
chamei para fora da sala de aula.
Eu pretendia matá-la". Segundo a
Nippon Television Network, outros alunos disseram recordar que
as duas meninas brigaram em um
evento esportivo escolar recente.
A suspeita foi transferida para
um centro de detenção juvenil,
enquanto seu caso é submetido à
Justiça. Seguindo as normas legais
japonesas de proteção a infratores
menores de idade, a polícia não
divulgou seu nome.
Pais, alunos e professores abalados pela tragédia se reuniram em
assembléia especial na escola elementar Okubo, em Sasebo, 980
km a sudoeste de Tóquio, para lamentar a morte de Mitarai. "Estamos preocupados em como cuidar das crianças traumatizadas
com o que aconteceu", disse Junichiro Kamogawa, do conselho de
ensino de Sasebo.
O crime chocou o Japão, onde o
aumento dramático da delinqüência juvenil e da violência escolar nos últimos dez anos abalou
a crença de que o país estaria imune à violência comum na Europa
e nos EUA. Segundo a Agência
Nacional de Polícia, em 2003 foram presos 21.539 menores de 14
anos, um aumento de 5,2% em relação ao ano anterior.
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